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2025-02-24

A Respiração Sagrada (Heartfulness): Meditação e a Trimūrti no Śraddhā Yoga

A regência e a energia do cosmos: a ordem criativa da
Trimūrti e a manifestação dinâmica da Tridevī.
Na ontologia védica, a manifestação reflete o
poder de Śakti e o jogo da guṇamāyā no cosmos.
Este ensaio propõe uma reflexão sobre a respiração sagrada, a meditação e o corpo como templo. Inspirado na Bhagavad Gītā, onde a ação svatantra de Krishna reverbera como uma revelação da própria tessitura da realidade, e na tradição tântrica que ecoa essa liberdade primordial, o texto convida-nos a perceber o movimento do sopro vital como um ritual sagrado, onde a Trimūrti e a Tridevī se manifestam na dança da criação e da transformação. Uma leitura que, com atenção e śraddhā, revela a beleza e profundidade do caminho meditativo, mesmo para quem está dando seus primeiros passos.

No Śraddhā Yoga, tal como exposto na Bhagavad Gītā, somos convidados a nos consagrar (tyāga) de coração, transformando cada ação, por mais ínfima que seja, em uma oportunidade para a disciplina interior (tapas), o sacrifício (yajña) e a doação (dāna) de si mesmo. A Bhagavad Gītā nos ensina que não há situação na vida em que não possamos cultivar e desenvolver o estado meditativo. Essa prática, em sua essência, é o que se entende por Meditação. O segredo dessa arte está oculto no simbolismo da respiração e na sua intrínseca relação com a práxis cotidiana. Inspirar (pūraka), reter (kumbhaka) e exalar (rechaka) o sagrado são atos que transcendem o físico, conectando-nos ao ciclo cósmico de nascimento, vida e morte, conforme representado pela Trimūrti da tradição védica.

2016-10-03

Upasthāna: a via de síntese do puro Yoga

Śraddhā e a unidade essencial das religiões
(Interpretação de maio de 2004)
Este artigo encerra e conclui a serie dedicada à meditação na práxis do cotidiano. Não há um único texto da literatura sagrada que trate, explicitamente, desta classificação quíntupla do ritual de imersão na meditação na ação. A classificação aqui adotada (Saṃkalpa, Ṛṣi-nyāsa, Viniyoga, Satya Tyāga e Upasthāna) é oriunda da tradição oral  do Śraddhā Yoga e se funda em uma síntese de diferentes elementos do Yajña, encontrados na literatura védica. Tradicionalmente, os yajñas representam distintos rituais realizados diante do fogo (por exemplo: Agnihotra, Soma Yajna e Aśvamedha), geralmente acompanhados de mantras. Aqui o yajña é entendido, unicamente, como uma preparação interior para a comunhão com o sagrado, onde o fogo é internalizado para representar o fogo do sagrado coração. 

Upasthāna, dentro do contexto dos cinco movimentos (angas) conduzentes à meditação na ação, representa o momento em que nos encontramos aptos para dar início ao nosso dia, fazendo de cada minúscula ação uma meditação. Representa a conclusão, o agradecimento final e o momento culminante do processo de conexão espiritual que nos faz instrumentos e representantes da divindade em cada minúscula ação do dia-a-dia.