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2024-06-04

O Selo do Dharma: uma perspectiva pessoal e sintrópica, desde Mahākāśyapa e Ānanda até Haṃsa Yogi

Buda e a flor de lótus do Sermão da Flor.
No Carnaval de 2024, uma conversa com o marido da minha sobrinha sobre a Filosofia Sintrópica reacendeu em mim a interpretação de uma antiga história budista. A chave para essa compreensão veio sob a influência do Siddha Haṃsa Yogi e se conectava ao selo do dharma, a transmissão direta da experiência da iluminação, independente de palavras ou escrituras. Bodhidharma, fundador da escola de meditação budista chinesa "Chan" (meditação), expressou essa ideia nos versos:

2021-12-27

A Homossexualidade no Contexto da Tradição Védica

Pārśvanātha Mandir (Janeiro de 2010)
Templo jainista do século décimo em Khajuraro

Se a partir de Freud a homossexualidade passou a ser classificada no ocidente como uma doença mental (somente em 1993 a OMS a retirou da lista de doenças mentais), na Índia a literatura sânscrita sempre preferiu considerar a existência de um “terceiro gênero” (tṛtīya prakṛti).  Desde os textos védicos, discutem-se as várias possibilidades de gênero, a homossexualidade (samaliṅgakāma), a bissexualidade (ubhayaliṅga), os hermafroditas (napuṁsakas) e os desvios de sexualidade causados pela impotência (klība). A cultura indiana constitui-se como um somatório de práticas religiosas, seitas e doutrinas contraditórias, que afirmam, ou rejeitam, a autoridade da literatura védica, conhecida como Sanātana Dharma (A Lei Eterna). O budismo, por exemplo, embora na Índia tenha sido assimilado pelo hinduísmo, rejeita a autoridade dos Vedas, tanto no Dhammapada (expressão do idioma páli que traduz o sânscrito "Dharma-pada", a via do Dharma), como em todo o restante do seu Cânone.  Então, a pergunta que se pode fazer e que pretendemos responder neste artigo é: qual é a posição da literatura sagrada da Índia e dos seus seguidores com relação ao tema da homossexualidade?

2019-07-30

As Práticas de Meditação e a Cultura Sintrópica

Quadro simbólico do desenvolvimento da
tese Śraddhā in the Bhagavad Gītā" (2007)
.
Os capítulos do livro-blog versam sobre o sagrado (nirvāṇa) oculto no mundo (saṁsāra), revelando, passo a passo, como a arte e a ciência da meditação expressam, em sua essência, o coração da tradição védico-tântrica tal como sintetizado por Krishna na Bhagavad Gītā. Ei-los:

PREFÁCIO
I. INTRODUÇÃO GERAL: Fundamentos da Cultura Sintrópica
II. A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
III. Śraddhā Quaerens Intellectum — Epistemologia da Bhagavad Gītā e a Ciência do Ser
IV. Filosofia Sintrópica e a Civilização da Síntese: Do Ser ao Estado
V. O Início da Jornada Interior
VI. O Encontro com os Mestres e o Caminho do Coração
VII. A Ciência Onírica e as Noúres
VIII. A Disciplina Sintrópica
IX. A Filosofia Sintrópica da Alta Performance
X. Śraddhā Yoga: A Ciência e a Arte do Amor em Ação
XI. CONCLUSÃO: A Semente de uma Nova Tradição
ANEXO 1. Guia Prático de Śraddhā Yoga — Heartfulness: A Meditação do Coração
ANEXO 2. Programa de Gestão Sintrópica — Opúsculo Metodológico
ANEXO 3. Questões do Núcleo Familiar e do Guru-kula
ANEXO 4. A Contracultura como Primeiro Gesto da Cultura Sintrópica
ANEXO 5. Universidade do Coração: A Gênese de uma Cultura Sintrópica
ANEXO 6. Porta de Entrada à Meditação Sintrópica: Uma Leitura Contemplativa do Śraddhā Yoga
TESTEMUNHO FINAL: Mrityunjayanand Jee

2018-04-24

O que é a Prática do Bhāvana?

A Prática do Bhāvana1

Há dois termos técnicos muito próximos, presentes nos textos sagrados da Índia, tanto em sânscrito como no páli, que indicam o processo de desenvolvimento mental e contemplação. São eles: "bhāvana" e "bhāvanā". Ambos foram, originalmente, empregados no campo da agricultura, para designar o cultivo da terra. "Bhāvana" é um adjetivo e/ou substantivo neutro, que dá a ideia de desenvolvimento; enquanto "bhāvanā" é um substantivo feminino, que expressa a reflexão e a meditação budista. Ambos os termos referem-se à ideia de "cultivo", no sentido de se trazer algo à existência. Designavam, portanto, o cultivo da terra. O Senhor Buda os utilizou para explicar como cultivar o sentimento intuitivo e a meditação. Uma ideia que é cultivada, ou seja, colocada em prática com o devido fervor, tem mais valor que outra que permanece apenas como uma abstração teórica. Na prática do bhāvana procura-se exercer a escuta interior que nos revela a presença do sagrado em todas as coisas. 

2016-10-15

A Meditação segundo a Bhagavad Gītā

Bhagavad1 Gītā2 desenvolve a arte e a ciência da meditação sob a forma de um diálogo que tem como espinha dorsal o conceito de śraddhā – o compassivo sentimento sintrópico, que define a Cultura Sintrópica e a sua práxis e se traduz como o princípio da confiança e da prudência, a bússola interior e a amorosa energia que ilumina a razão em seu processo de convergência para a Verdade e o Absoluto (Brahma-sāmīpya). Śraddhā representa o Princípio da Confiança e da Prudência expresso no cogito cartesiano. Representa a razão esclarecida pelo coração tranquilo e pelo sorriso interior que orientam e aferem a conduta do herói em sua jornada. Denota, portanto, o processo racional e dialético para se alcançar o "estado de testemunha", este entendido como o resultado do encontro com as verdades últimas e o sagrado revelado nas Escrituras, fruto da superação da vontade e da fé exterior.

Há sete virtudes principais segundo os teólogos da Igreja Católica: Prudência, Justiça, Temperança, Coragem, Fé, Esperança e Compaixão. Como nos alerta o Senhor Buda3, a fé sem prudência não conduz à realização final. Do mesmo modo, nos alerta a ciência moderna, a fé sem prudência está em contradição com a razão. A única fé digna deste nome, portanto, é a fé da razão esclarecida, ou seja, aquela fé interior, ou fé-em-si-mesmo, que se traduz como um sentimento e que contém como subprodutos todas as sete virtudes principais definidas pela Igreja. Esta fé-em-si-mesmo, que está em consonância com os requisitos do Senhor Buda, corresponde ao que, na  Bhagavad Gītā4, se denomina como śraddhā – aquele poder que empodera tudo mais, possibilitando-nos compreender a vida toda como sagrada.

2016-09-30

O que é a Meditação Sintrópica?

Diário da Consciência de Si

A meditação tem relação com a cultura sintrópica e o processo do autoconhecimento, autocontrole, autonomia e individuação do Ser, que nos permite interagir com a sociedade e com o meio ambiente, segundo as leis universais do amor. O objetivo principal das práticas de meditação é aprimorar a nossa escuta do Ser (Bhāvana) e nos nutrir do amoroso sentimento sintrópico (śraddhā) que nos conduz do saṁsāra ao nirvāṇa, na exata medida em que aprofundamos o nosso entendimento de Ṛta, a lei universal que rege os processos entrópicos da realidade material e inorgânica e os processos sintrópicos da realidade espiritual e orgânica.

Quando nos identificamos com o fogo ardente do coração, a nossa vida toda se torna uma meditação. Este é o sentido do diálogo entre Krishna e Arjuna na Bhagavad Gītā. Meditar, em essência, significa aquietar o pensamento, testemunhar o ritmo da respiração e fazer o coração vibrar (śraddhā) na frequência de amor puro da energia sintrópica de onde surgiu o universo (Brahma-śakti) e que nos unifica à nossa transcendente origem, possibilitando-nos afirmar, com convicção: "Eu sou o fogo ardente do coração em ação; eu sou a presença da paz e do amor em ação". Nesse sentido, não é algo totalmente estranho à cultura ocidental. Pelo contrário, representa o ensinamento simbolizado no primeiro dos Dez Mandamentos da tradição judaico-cristã. Representa o ideal de sintonia com o Sopro Universal, a fonte de onipotente poder de onde procedem todas as formas de Vida, e que levou Jesus a dizer, "eu e o Pai somos Um".