Arjuna entoa o Hino à Durgā |
O Hino à Durgā (Durgāstava) entoado por Arjuna, por orientação de Krishna, consta da seção 23 do livro sexto do Mahābhārata. Durgā se manifesta e abençoa Arjuna. Este hino aparece também como parte da recensão da Bhagavad Gītā extraída da Bhāṣya de Hamsa Yogi e editada pela organização religiosa Śuddha Dharma Maṇḍala (capítulo 1, versos 14 a 26). Esta recensão, contudo, desloca o décimo verso para o final do hino (verso décimo terceiro). Além disso, nesse mesmo verso, traz a expressão "raṇājire" (no campo de batalha) no lugar da habitual "raṇe raṇe" (de batalha a batalha). Na tradução que se segue, respeitei a ordem tradicional dos versos, mas utilizei a variante "raṇājire" para lembrar que a Gītā Bhāṣya de Hamsa Yogi é a única que contempla o Hino à Durgā. Agradeço as sugestões de tradução do Prof. Sérgio Mendes; onde não o segui, os riscos são de minha responsabilidade.
नमस्ते सिद्ध-सेनानि, आर्ये मन्दर-वासिनी ।
कुमारी कालि कापालि, कपिले कृष्ण-पिंगले ॥१॥
śrīarjuna uvāca
namaste siddha-senāni ārye mandara-vāsinī |
kumārī kāli kāpāli kapile kṛṣṇa-piṁgale ||1||
Arjuna declamou:
Glória a Ti (namaste), ó Tu!, excelsa autoridade da hierarquia dos adeptos (siddha-senāni ārye); ó Tu que presides/habitas o firmamento (mandara-vāsinī), simbolizando o centro sutil entre as sobrancelhas. Ó Tu, imaculada (Kumārī) vencedora dos obscuros desejos (Kālī); Tu, sagrado alento vital, simbolizado na guirlanda de crânios de todos os nascimentos do próprio Senhor Shiva (Kāpālī); Tu, poderosa força que corre pelo canal central da medula, na espinha dorsal, e que oxigena o sangue (Kapilā, ou Suṣumnā); Tu, ó Kṛṣṇa-piṁgalā (morena escura; Durgā; a energia vital)!
भद्र-कालि! नमस्तुभ्यं, महाकालि नमोऽस्तुते।
चण्डि चण्डे नमस्तुभ्यं, तारिणि वर-वर्णिनि ॥२॥
bhadra-kāli namastubhyaṁ mahākāli namo'stute |
caṇḍi caṇḍe namastubhyaṁ tāriṇi vara-varṇini ||2||
शिखि पिच्छ-ध्वज-धरे, नानाभरण-भूषिते ॥3॥
kātyāyani mahā-bhāge karāli vijaye jaye |
śikhi piccha-dhvaja-dhare nānābharaṇa-bhūṣite ||3||
Ó terrível (karāli) e afortunada (mahā-bhāge) conquistadora da vitória (jayā), do triunfo (vijayā), ó Kātyāyanī, que se manifesta com vários ornamentos e cuja insígnia é a pena de pavão!
गोपेन्द्रस्यानुजे ज्येष्ठे, नन्द-गोप-कुलोद्भवे ॥४॥
aṭūṭa-śūla-praharaṇe khaḍga-kheṭaka-dhāriṇe |
gopendrasyānuje jyeṣṭhe nanda-gopa-kulodbhave ||4||
महिषासृक्-प्रिये नित्यं, कौशिकि पीत-वासिनि ।
अट्टहासे कोक-मुखे, नमस्तेऽस्तु रण-प्रिये ॥५॥
mahiṣāsṛk-priye nityaṁ kauśiki pīta-vāsini |
aṭṭahāse koka-mukhe namaste'stu raṇa-priye ||5||
Ó Tu, vestida em trajes amarelos (pīta-vāsinī), nascida no clã Kusika (Kauśikī) e apreciadora do sangue dos demônios (mahiṣa-asṛk-priyā), Ó Tu, que assumes a face de um lobo (koka-mukhā)! Eu me rendo a ti, ó Tu, amante da espiritual batalha (raṇa-priyā)!
उमे शाकम्भरि श्वेते, कृष्णे कैटभ-नाशिनि ।
हिरण्याक्षि विरूपाक्षि, सुधू्राप्ति नमोऽस्तु ते ॥६॥
ume śākambhari śvete kṛṣṇe kaiṭabha-nāśini |
hiraṇyākṣi virūpākṣi sudhūrāpti namo'stu te ||6||
Ó Uma, ó Shakambari, que tem os olhos puxados (virūpa-akṣī), da cor de um dourado (hiraṇya-akṣī) acinzentado (sudhūmra-akṣī), ó negra (kṛṣṇā) deslumbrante (śvetā) que derrota os perversos como Kaitabha (kaiṭabha-nāśinī)! Eu me rendo a ti!
वेद-श्रुति-महा-पुण्ये, ब्रह्मण्ये जात-वेदसि ।
जम्बू-कटक-चैत्येषु, नित्यं सन्निहितालये ॥७॥
veda-śruti-mahā-puṇye brahmaṇye jāta-vedasi |
jambū-kaṭaka-caityeṣu nityaṁ sannihitālaye ||7||
Ó Tu, revelada nas escrituras védicas (veda-śrutī), Tu, que realizas grandes e abençoadas façanhas (mahā-puṇyā), ó Tu, energia de Brahman (brahmaṇyā) manifestada nos Vedas (jāta-vedasī), ó Tu, que diariamente te revelas (saṁnihita-ālayā) nos santuários repletos de ramos de macieira rosa (jambū-kaṭaka-caityeṣu).
त्वं ब्रह्म-विद्यानां, महा-निद्रा च देहिनाम् ।
स्कन्ध-मातर्भगवति, दुर्गे कान्तार-वासिनि॥८॥
tvaṁ brahma-vidyānāṁ mahā-nidrā ca dehinām |
skandha-mātarbhagavati durge kāntāra-vāsini||8||
Dentre todas as ciências (vidyā), Tu és a ciência de Brahman (brahma-vidyā). Tu és o sono profundo e a própria morte (mahā-nidrā) em todas as criaturas (dehin). Ó mãe de Skanda! ó Tu, afortunada Durgā, que reside no seio da floresta (kāntāra-vāsinī).
स्वाहाकारः स्वधा चैव, कला काष्ठा सरस्वती ।
सावित्री वेद-माता च, तथा वेदान्त उच्यते ॥९॥
svāhākāraḥ svadhā caiva kalā kāṣṭhā sarasvatī |
sāvitrī veda-mātā ca tathā vedānta ucyate ||9||
स्तुतासि त्वं महा-देवि विशुद्धेनान्तरात्मा ।
जयो भवतु मे नित्यं, त्वत्-प्रसादाद् रणाजिरे ॥१०॥
stutāsi tvaṁ mahā-devi viśuddhenāntarātmā |
jayo bhavatu me nityaṁ tvat-prasādād raṇājire [raṇe raṇe] ||10||
Ó Suprema Deusa (mahā-devī), eu a invoco (stuta) com o coração (antarātman) puro (viśuddha)! Que por tua graça (tvat-prasāda) eu sempre (nityam) alcance (bhavatu) a vitória (jaya) no campo de batalha (raṇājira)!
कान्तार-भय-दुर्गेषु, भक्तानां चालयेषु च ।
नित्यं वससि पाताले, युद्धे जयसि दानवान् ॥११॥
kāntāra-bhaya-durgeṣu bhaktānāṁ cālayeṣu ca |
nityaṁ vasasi pātāle yuddhe jayasi dānavān ||11||
Tu resides (vas) eternamente (nityam) nas assustadoras montanhas, difíceis de transpor (kāntāra-bhaya-durga, no chakra fundamental) e no lar (ālaya) dos devotos (bhakta). Tu vences na batalha (yuddha) os demônios (dānava) que habitam as regiões infernais (Pātāla).
त्वं जम्भिनी मोहिनी च, माया ह्रीः श्रीस्तथैव च ।
सन्ध्या प्रभावती चैव, सावित्री जननी तथा ॥१२॥
tvaṁ jambhinī mohinī ca māyā hrīḥ śrīstathaiva ca |
sandhyā prabhāvatī caiva sāvitrī jananī tathā ||12||
Tu és Jambhanī (a destruidora), Mohinī (a xamã), Māyā (a ilusionista), Hrī (HRIM: Bhuvaneśvarī; também a vergonha, a timidez e a modéstia) e também Śrī (SHRIM: Lakṣmī; também o esplendor, a radiância e a majestade); Saṁdhyā (a meditação e a luz do amanhecer), Prabhāvatī (a portadora da luz), Sāvitrī (o raio do sol) e Jananī” (a mãe de toda a criação).
तुष्टिः पुष्टिर्धृतिदीप्तिश्चन्द्रादित्य-विवर्धनी ।
भूतिर्भूति-मतां संख्ये, वीक्ष्यसे सिद्ध-चारणैः ॥१३॥
tuṣṭiḥ puṣṭirdhṛtidīptiścandrāditya-vivardhanī |
bhūtirbhūti-matāṁ saṁkhye vīkṣyase siddha-cāraṇaiḥ ||13||
Tu és o contentamento (tuṣṭi), a prosperidade (puṣṭi), a coragem e a firmeza (dhṛti) e a luz (dīpti) que alimenta (vivardhinī) a radiância do sol e da lua (candra-āditya) – ou seja, canais de iḍā e piṁgalā. Tu és o poder dos poderosos, o objeto de meditação de numerosos Siddhas e Charanas (músicos celestiais).
Gratidão por essa preciosidade, Rubens!
ResponderExcluirOi, Silvia, que bom que gostou!
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