2018-04-28

030. Cozinhando com o Coração

Conserva de pimenta Dedo de Moça
RECEITAS DA SEMANA: Conserva de pimenta Dedo de Moça, Feijão refogado, Almôndega de tofu, Bertalha, Patê de cenoura e Castanha de caju.


1. Conserva de pimenta Dedo de Moça (vegana)

A Pimenta Dedo de Moça, da família Capsicum Baccatum, é uma das pimentas mais consumidas no Brasil, estando no grupo das preferidas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Ela também recebe o nome  de Chifre de veado, Pimenta Vermelha ou Pimenta Calabresa. A conserva que iremos ensinar, dica da minha irmã Andréa Curan,  possui uma picância que varia de suave a mediana, o que a torna adequada para temperar azeitonas e molhos em geral. Entretanto, pode ser adicionada também ao feijão, acrescentando a ele um aroma delicioso.  A conserva de Pimenta Dedo de Moça possui inúmeros benefícios, dentre eles: função analgésica, anti-inflamatória, energética, estimulante, vitaminas, controle de colesterol, entre outros. 

2018-04-24

O que é a Prática do Bhāvana do Śuddha Rāja Yoga?

A Prática do Bhāvana1

Há dois termos técnicos muito próximos, presentes nos textos sagrados da Índia, tanto em sânscrito como no páli, que indicam o processo de desenvolvimento mental e contemplação. São eles: "bhāvana" e "bhāvanā". Ambos foram, originalmente, empregados no campo da agricultura, para designar o cultivo da terra. "Bhāvana" é um adjetivo e/ou substantivo neutro, que dá a ideia de desenvolvimento; enquanto "bhāvanā" é um substantivo feminino, que expressa a reflexão e a meditação budista. Ambos os termos referem-se à ideia de "cultivo", no sentido de se trazer algo à existência. Designavam, portanto, o cultivo da terra. O Senhor Buda os utilizou para explicar como cultivar o sentimento intuitivo e a meditação. Uma ideia que é cultivada, ou seja, colocada em prática com o devido fervor, tem mais valor que outra que permanece apenas como uma abstração teórica. Na prática do bhāvana procura-se externar o sentimento sintrópico de unidade e harmonia que decorre da meditação e se aperfeiçoa com ela. O bhāvana representa, portanto, a visualização e o reconhecimento da presença, em todas as coisas, da Essência do Sagrado. 

2018-04-17

A Via do Coração: impessoalidade, religião e espiritualidade

Francisco Barreto, instantes antes do início da cerimônia de consagraçào do Ashram Brahmala (08.04.18)
Francisco Barreto, instantes antes do início
da cerimônia de consagraçào do
Ashram Brahmala
(08.04.18)
Depois da organização de um evento, quase ninguém se ocupa em refletir sobre as etapas e os desdobramentos conceituais do processo da sua realização. É esta reflexão, relativa ao evento que culminou com o encontro realizado no último domingo (15.04.18) com Francisco Barreto, intitulado a Via do Coração, que será objeto do presente artigo.

Qual dos idealizadores e/ou participantes da organização de um evento se recorda como se deu o seu envolvimento com as distintas etapas do seu processo de elaboração? No caso do evento encerrado no último domingo, tudo começou com a iniciativa de Francisco, de gestar em sua mente esta viagem ao Rio, com todos os seus percalços, dificuldades e acertos, em meados de março. De minha parte, tenho consciência que a minha participação iniciou-se com o convite que recebi de um dos integrantes do grupo de Niterói, no dia 19 de março, logo após a reunião com os colaboradores anônimos da Universidade do Coração, conduzida por Francisco, via Skype, para ir conhecer o espaço que abrigaria o novo Ashram afiliado da instituição. Eu tinha consciência que o estabelecimento do Ashram Brahmala representava uma das principais motivações para a visita de Francisco. Era necessário consagrar aquele espaço e preparar as pessoas que ficariam incumbidas de levar adiante a árdua tarefa de viver e difundir os nobres ideais da realização espiritual, difundidos pela Grande Síntese, órgão mantenedor da futura Universidade do Coração.

2018-04-06

Os fundamentos e as origens do vegetarianismo e do veganismo

A Opção pelo vegetarianismo desde a infância (1966)
Discuto neste artigo a tese do fundador do veganismo, Donald Watson (1910 - 2005), de que o vegetarianismo seria um mero estágio para o veganismo e que se você é vegetariano falta ascender um degrau para se tornar vegano. Não é de todo verdade que o veganismo surgiu do aprofundamento do vegetarianismo, culminando numa maior coerência para com os direitos dos seres vivos. Até bem pouco tempo esses termos, "veganismo" e mesmo o seu precursor, "vegetarianismo", sequer existiam. As pessoas não se definiam como vegetarianas ou veganas, apenas diziam seguir uma dieta isenta de produtos de origem animal. Esta diferenciação ocorre no início do século XX, quando o termo "vegetarianismo" passa a designar um estilo de vida e uma forma de ativismo menos radical que aquela proposta no nascente veganismo. O vegetarianismo, diferentemente do veganismo, nunca busca o confronto, pois funda-se em um sistema milenar de valores morais e éticos, derivados de princípios espiritualistas, tanto orientais como ocidentais, sem nenhuma conotação de pregação e conversão. O veganismo surge na Inglaterra dentro do movimento vegetariano com a proposta de um ativismo mais combatente e menos tolerante que os vegetarianos. Diferentemente dos novos veganos, os vegetarianos, além de demonstrarem compaixão pelos animais, procuram, principalmente, expressar tolerância e compaixão com os seres humanos "não-vegetarianos" (não quero aqui utilizar o neologismo vegano "carnista", que, além de tradicionalmente não fazer parte do vocabulário dos autênticos vegetarianos, me parece um pouco ofensivo). Ser vegetariano implica, sobretudo, a atitude inclusiva, que acolhe e respeita a diversidade e o direito do outro de ser diferente. Desse modo, como as principais características dos pioneiros e autênticos vegetarianos (atitude tolerante, esforço de adaptação ao meio e respeito à diferença e à condição do outro) não pudessem ser totalmente compreendidas, ou assimiladas, pelos vegetarianos liderados por Donald Watson, estes passaram a adotar o termo "vegano", que passou então a definir àqueles vegetarianos que defendiam uma militância mais agressiva e uma postura de confronto com os "não-vegetarianos". 

2018-04-03

A Via do Coração: um reencontro com Francisco Barreto

Buddhi Yajña: Arquivo com os registros das reuniões de gestação da Grande Síntese
Buddhi Yajña: Registros das reuniões de gestação da Grande Síntese
Conheci Francisco Barreto em 1978, no Ashram Sarva Mangalam, ainda em seu antigo endereço, na esquina das ruas Aurélia e Heitor Penteado, na cidade de São Paulo. Eu frequentava este espaço, dirigido pela saudosa Marinês Peçanha de Figueiredo, desde que fora iniciado nas práticas de meditação, naquele mesmo local, pelas mãos de Sri Vajera, em 25 de agosto de 1974. Francisco havia recém ingressado em nossa instituição (28.08.1977) e estava de passagem por São Paulo. Ainda me lembro quando, após a prática de meditação, Marinês o convidou para se apresentar e dizer algumas palavras sobre o trabalho que estava estruturando em Sergipe. Logo após deixar o nosso grupo, Francisco seguiu viagem para Ribeirão Preto, onde foi recebido por Sérgio Barretto, o seu primeiro contato na instituição.