2023-06-08

A nascente cultura sintrópica: um movimento de síntese entre a práxis monoteísta da cultura judaico-cristã e a práxis monista da contracultura hippie do “flower power”

A cultura judaico-cristã e a contracultura hippie contemplam duas visões de mundo opostas sobre a existência. Enquanto a primeira é enraizada em uma crença racional monoteísta, com ênfase na relação com um Deus transcendente, a segunda adota uma abordagem monista, fundada no sentimento de amor, que dá unidade a todas as coisas. Neste ensaio, resumimos os argumentos explorados ao longo deste livro blog para mostrar que a emergente cultura sintrópica se apresenta como uma síntese dessas duas perspectivas aparentemente divergentes, destacando a importância desta nova abordagem holística, sistêmica e harmoniosa para enfrentar os desafios contemporâneos.

2023-06-06

O Sentimento Sintrópico (Śraddhā) do Espírito Humano (Ātman) e a sua Relação com a Razão (Buddhi e Manas) na Produção da Ciência Contemporânea (III)


III. Entropia, Sintropia e os Novos Paradigmas da Ciência

O sentimento intuitivo tem uma dimensão que ultrapassa os limites estabelecidos pelas nossas vestimentas culturais. Ele se estabelece a partir de um núcleo invariante do espírito que nos anima e define a nossa natureza. Manifesta-se mediado e filtrado pela nossa herança psíquica e instintiva, transmitida geneticamente de geração em geração e armazenada no inconsciente de cada ser humano. Jung refere-se a este espaço psíquico de onde surge o sentimento intuitivo de certeza como inconsciente coletivo, diferenciando-o do inconsciente freudiano, o repositório das experiências particulares de cada indivíduo. O sentimento intuitivo captura em uma imagem, que pode ser descrita como sagrada, aquilo que, num segundo momento, irá receber da razão uma formulação discursiva laica e lógica.

O Sentimento Sintrópico (Śraddhā) do Espírito Humano (Ātman) e a sua Relação com a Razão (Buddhi e Manas) na Produção da Ciência Contemporânea (II)



II. A Ciência Termodinâmica e a Origem da Vida

A Ciência Termodinâmica, que se ocupa do rumo que as coisas tomam na natureza, nasce no século XIX em função da necessidade de se explicar o funcionamento das máquinas a vapor. Em 1824, o engenheiro francês Sadi Carnot (1796-1832) estabeleceu, matematicamente, como se daria a conversão de calor em outras formas de energia. Em seu trabalho intitulado “Reflexões sobre a Potência Motriz do Fogo” ("Réflexions sur la puissance motrice du feu") ele introduz o conceito do ciclo de Carnot - um modelo teórico idealizado de um motor de calor que opera entre duas fontes de temperatura, uma quente e outra fria. O ciclo de Carnot, contudo, só explica o balanço energético das máquinas em circunstâncias idealizadas (envolve quatro fases: expansão isotérmica, expansão adiabática, compressão isotérmica e compressão adiabática), descoladas da realidade. Diferentemente do previsto no ciclo de Carnot, os ciclos reais não apresentam a propriedade de serem termodinamicamente reversíveis.

O Sentimento Sintrópico (Śraddhā) do Espírito Humano (Ātman) e a sua Relação com a Razão (Buddhi e Manas) na Produção da Ciência Contemporânea (I)

I. Mapeando o surgimento da Cultura Sintrópica no Brasil

Gostaria que este ensaio fosse lido apenas como um capítulo de um diário antropológico, ou seja, como um registro pessoal de observações, reflexões e análises oriundas do convívio de mais de quarenta anos com Francisco Barreto, o fundador e Instrutor do antigo Ashram Ātma. Ele se destina, tão somente, a oferecer o contexto e os processos culturais envolvidos no desenvolvimento da práxis sintrópica, definida anteriormente, que nos animava. A sua relevância está, precisamente, no fato dele mapear o nascimento e o desenvolvimento de alguns elementos da cultura sintrópica no interior de uma pequena comunidade, localizada em Aracaju – SE e dedicada à prática do Śuddha Yoga. Este ensaio reflete, basicamente, sobre as discussões que tínhamos no Ashram, no final dos anos setenta e início dos oitenta, e que fizeram despertar o interesse do grupo sobre o papel do conhecimento da realidade material para o progresso espiritual do indivíduo e da sociedade. Ele dá sequência ao texto anterior do presente capítulo e discorre sobre o contexto em que a práxis sintrópica do Śuddha Yoga fora ali vivenciada. Ilustra também como o Sentimento Sintrópico (Śraddhā) do Espírito Humano (Ātman) se relaciona com a Razão (Buddhi e Manas) na produção da boa ciência.