Nota editorial de grafia: neste artigo, optamos por shakti e chakras (grafias correntes em português), mantendo os demais termos sânscritos em IAST (ex.: kośa, kuṇḍalinī, suṣumṇā nāḍī, Ājñā, Anāhata, Ṛta). Adotamos Krishna (grafia consagrada) em vez de Kṛṣṇa.
Partindo da premissa implícita na Bhagavad Gītā, onde se afirma ser a śraddhā dos sábios perfeitos (BhG 10.10: “Aqueles que se entregam a Ti, amadurecidos pelo ardor do coração, Tu os atravessas como um fio perfura as águas”), podemos compreender que śraddhā rege a influência do espírito imaterial. Por outro lado, a natureza material, que se manifesta através dos desejos e do corpo, é descrita como prakṛti, cuja ação e efeito são regidos por forças visíveis, como o kāma ou energia do desejo (BhG 7.5–6: — “Entre as ciências, a espiritual é suprema, mas a ignorância da alma, que prende à matéria, prepondera na maioria”). Assim, a Bhagavad Gītā revela essencialmente a coexistência e interação dinâmica entre estas duas influências, espiritual (śraddhā) e material (kāma), tornando imprescindível reconhecer que ambas são vitais para a manifestação integral do ser.