2016-11-02

Bhāvana Namaḥ: repensando a universidade com o coração

Viemos, Cássia e eu,  testemunhar o VIII Seminário Internacional e IX Assembléia Geral do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras & Primeiro Encontro de Reitores Brasil–Itália, na Università di Parma – Itália, que aconteceu de 24 a 28 de outubro de 2016. O Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB) foi constituído em 27 de novembro de 2008, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Coimbra. É composto por um conjunto de 72 instituições associadas, com 51 Universidades Federais, 15 Universidades Estaduais e 6 Universidades Comunitárias e Confessionais.

Este encontro no país onde foi cunhado o termo "universidade" contou com a  a participação de 54 reitores. No dia 25, o Reitor Loris Borghi (Università di Parma) realizou o discurso de abertura (veja aqui). Entre as autoridades presentes, a Ministra da Educação da Itália, Stefania Giannini, e o Embaixador do Brasil em Roma, Ricardo Neiva Tavares.

Como se sabe, a universidade enquanto tal é uma instituição européia por excelência, oriunda da Igreja Católica. Gradualmente, espalhou-se pelo globo, eventualmente substituindo outras instituições de ensino superior e se tornando o modelo de instituição para o ensino superior em todo o mundo. Desenvolveu-se pela Europa ocidental durante os séculos XI e XII, pela Europa oriental a partir do século XIV, pelas Américas a partir do século XVI, na Austrália, Asia e Africa, a partir do século XIX. Muitos, entretanto, e com razão, se referem às instituições mais antigas como exemplos de "universidades". 

Várias instituições de ensino superior foram desenvolvidas ao longo dos séculos por distintas culturas. A Academia de Platão, por exemplo, fundada em torno de 387 a.C., teria originado a Universidade de Atenas. Outros se referem ao Pandidactério de Constantinopla, fundado em 425 d.C, como Universidade de Constantinopla. Estas instituições de aprendizagem, entretanto, não preencheriam à época de sua criação os requisitos para serem designadas como universidades. O mesmo vale para as instituições da Índia antiga, como as escolas de Nalanda (circa 427 d.C.), Pushpagiri (estabelecida no século terceiro), Takshashila (século quinto a.C.) e Vikramshila (circa 800-1040). Elas diferem do estilo ocidental de universidade, que se caracteriza por ser uma organização autônoma de scholars. 

O termo "universidade" deriva do Latim: "universitas magistrorum et scholarium" -- comunidade de professores e acadêmicos. Foi cunhado na Universidade de Bologna (1088 d.C.), considerada a primeira e mais antiga universidade do mundo. A Universidade de Oxford (1096 d.C.) é a segunda mais antiga e a primeira em língua inglesa. E a Universidade de Parma, que hospedou este evento, embora tivesse a sua fundação datada em 962 d.C, tornou-se, de fato, universidade apenas em 1502.

A Itália, portanto, mãe do universo latino, é a pátria do conceito de universidade e das primeiras e mais prestigiosas universidades. Daí que fosse o espaço ideal para sediar este evento que envolveu as principais instituições brasileiras. Cabe também destacar o envolvimento no evento da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES, que representa, oficialmente, as instituições federais de ensino superior (IFES) na interlocução com o governo federal, com as associações de professores, de técnico-administrativos em educação, de estudantes e com a sociedade em geral. Ficou claro o interesse das instituições brasileiras em refletirem sobre os novos rumos que nortearão as universidades neste início de novo milênio. 

O tema central do evento, UNIVERSIDADES PARA UM MUNDO SEM FRONTEIRA, já aponta o interesse na busca de novos paradigmas para a universidade, em consonância com os ideais da "razão iluminada pelo ardor do coração" -- śraddhā.

6 comentários:

  1. Que vocês possam ser uma luz no caminho das universidades brasileiras. Boa viagem.

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    1. Chegando aí, quero ir a Ribeirão Quem sabe nos encontramos.

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  2. Bem, com o tema, UNIVERSIDADES PARA UM MUNDO SEM FRONTEIRA, como também, o projeto Universidade do Coração, que tive o prazer de ler, acredito que a consciência reflexiva possa contribuir no espectro de possibilidades idealistas e evolutivas para o ser humano, para Terra e para o Universo.
    A chama do conhecimento gera responsabilidade sobre nós, pois, o Universo já é totalmente qualificado.
    Que os frutos amadureçam 🌿 e as sementes se espalhem.
    Sintam meu abraço carinhoso!

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