2024-04-14

Aprendendo a Liberar o Gênio da Lâmpada: Estabelecendo os Saṃkalpas (05/08)

O jovem foi muito bem recebido pelo primeiro diretor com quem escolhera falar. Este logo lhe confidenciou que raramente conversava com o seu superior, pois já não havia essa necessidade. Fora as reuniões semanais, conversam apenas no início de algum novo projeto, ou quando vão definir alguma nova responsabilidade. É nesta ocasião que são renovados os saṃkalpas e estabelecidos outros, também de natureza sintrópica, em consonância com os novos projetos.

O gestor lhe explicou como os saṃkalpas sintrópicos resumem os compromissos estabelecidos para se alcançar os novos objetivos. O estabelecimento dos saṃkalpas está na base do processo de Gestão Sintrópica. E eles estão sempre alinhados com o mantra Haṃsa, que se expressa na missão, visão e valores do grupo. Desta forma, todas as responsabilidades são bem definidas e as pessoas e os seus líderes sempre sabem o que se espera deles. O gestor sintrópico age garantido esta sintonia e sincronicidade entre todos os setores e isto pode ser avaliado objetivamente pelos níveis de sinergia resultante. Desta forma, todos tem bem claro quais são as suas responsabilidades e sobre como será avaliado objetivamente o seu desempenho. Esta avaliação costuma ser, inclusive, antecipada pelo gênio da lâmpada em nós. Dificilmente ocorrem dissonâncias entre esses dois níveis de avaliação. Quando ocorrem, elas exigem uma pequena reciclagem dos envolvidos sobre os passos do nosso programa. 

Deste modo, explica o diretor, sempre que assumia o compromisso, ou saṃkalpa, com o que precisava ser realizado, fazia constar em ata, as listas dos saṃkalpas de cada um. Estes eram registrados sob a forma de sutras, expressões sintéticas que funcionam como arquivos zipados e nunca ocupam mais que umas poucas linhas de papel. Isto deixa bem claro o que compete a cada um para que o cronograma estabelecido a partir dos saṃkalpas possa ser acompanhado facilmente nas reuniões semanais. Logo após a abertura e harmonização do ambiente, explica o gestor, passa-se a tratar dos saṃkalpas, lembrando sempre da eficácia da práxis sintrópica, que possibilita ao gestor administrar em torno de 20% dos saṃkalpas estabelecidos pelos membros da sua equipe para alcançar 80% dos resultados esperados. Todas as reuniões focam, principalmente, nesses objetivos maiores, que dificilmente ultrapassam o número de cinco. Ele, então, afirma categoricamente:

        "A Filosofia Sintrópica, retratada no gênio da lâmpada, permite o consenso em torno dos objetivos traçados em equipe, onde cada pessoa sabe, desde o início, o que se espera dela."

“Nesse caso”, perguntou o jovem, “o estabelecimento dos saṃkalpas significa que a pessoa se compromete, igualmente, com o seu processo de mudança e crescimento interior e de atendimento às suas responsabilidades, em conformidade com o desempenho esperado pelos seus gestores?”

“Exatamente”, respondeu o gestor. “Os padrões de desempenho nos mostram não apenas o que os gestores esperam de nós, mas, principalmente, o que o gênio da lâmpada espera de nós para poder nos entregar os seus tesouros.

“Mas como é que este processo se dá na prática?”, perguntou o jovem.

“Vamos dar um exemplo deste processo maiêutico, orientado pelo gênio”, disse o gestor. “Suponha que você tenha se comprometido a identificar e solucionar os problemas de desempenho da sua unidade. O mais comum é que você logo encontre os problemas, mas não como solucioná-los. É aí que você começa a se descobrir como aquele que encontrou a chave para a solução e dissolução dos problemas. Tudo depende da forma como você esfrega a lâmpada, por meio do mantra Haṃsa, para que ela vá liberando o seu gênio. Ao invés de delegar a solução do problema, você o abraça com a consciência de que ele lhe foi proposto para ser solucionado por você, para o seu próprio bem e crescimento. Quando percebemos o mantra Haṃsa em nossa própria respiração e perguntamos com o coração a resposta para o problema que não sabemos resolver, logo pensamos sobre o que estaria se passando se o problema não estivesse acontecendo. E daí, de forma natural, sentimos intuitivamente que há algo que podemos fazer, ou para solucionar ou para dissolver o problema. O gênio da lâmpada nos dá acesso à visão sintrópica, que nos possibilita redesenhar o sistema onde o problema se manifesta para que ele seja solucionado, ou deixe de existir. A solução e a dissolução do problema envolvem o foco no Dhyāna Mantra Haṃsa. Enquanto a busca pela mera solução envolve uma pesquisa racional, a dissolução vai além, se funda numa imagem, no "design". Quando pensamos sobre o que poderia estar ocasionando a discrepância entre o bom funcionamento e o funcionamento apresentado com a mente concentrada no mantra natural da respiração, logo surgem em nossa mente algumas alternativas. Poderia fazer isto, aquilo etc.  E outra vez nos interrogamos, nos aproximando do parto de nossas próprias soluções. Se fizesse A, aconteceria X; se fizesse B, aconteceria Y; e se fizesse C, aconteceria Z. As soluções X, Y ou Z nos atendem? Em caso negativo, o que mais poderia ser feito? Combinar estas soluções? Provavelmente, sim. De qualquer modo, se este não for o caso, a sintonia com o gênio da lâmpada por meio do mantra Haṃsa possibilitará que encontremos pistas conduzentes à dissolução do problema. É desta forma, exercitando-nos na arte da escuta e da meditação, ou seja, aprendendo a consultar o coração e a lidar com os compromissos e os problemas que a vida nos apresenta que vamos despertando o gênio da lâmpada. Embora isto pareça complicado, quando se está inserido em uma atmosfera onde esta consciência sintrópica já esteja instalada, o aprendizado se dá de forma natural. 

Após esta explicação, olhando nos olhos do jovem, o gestor conclui dizendo: 

“Você traz em seu coração a lâmpada maravilhosa e você pode se tornar como o personagem Aladdin, do conto de origem árabe conhecido como Aladim e a Lâmpada Maravilhosa. Quando interrogamos a nós mesmos estamos exercendo a mesma maiêutica socrática, capaz de emancipar o escravo do mundo de sombras, conforme descrito na Alegoria da Caverna de Platão." Lembre-se disto sempre que estiver em dificuldades.” 

Após se despedirem, o jovem pôs-se a refletir sobre o que compreendera até então da gestão sintrópica. Ela começava pelo estabelecimento, em concordância entre o gestor e o seu grupo, dos saṃkalpas. Competia à consciência sintrópica, estimulada pela meditação no dhyāna mantra Haṃsa e em conformidade com os níveis de sinergia do grupo, definir o que seria considerado bom desempenho. Deveria se comprometer, prioritariamente, com quatro ou cinco objetivos principais, descritos em poucas linhas, os quais deveria ler e reler constantemente, reservando diariamente alguns minutos para avaliar o seu progresso no atendimento dos objetivos traçados e da sintonia e convergência para a consciência sintrópica, que se oculta na lâmpada maravilhosa que trazemos em nossos próprios corações. Tendo há pouco deixado a sala desse segundo gestor, notou como o ambiente e a esfera de trabalho que ali encontrara era semelhante à do Gestor Sintrópico, do seu primeiro encontro. A egrégora ali formada entre eles era da mesma natureza, o que deixava transparecer que aquele diretor também estava, aos poucos, tornando-se um Gestor Sintrópico.

SUMÁRIO GERAL: A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā

Rio de Janeiro, 14.04.24.
(Atualizado em 26.04.24)

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