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2021-07-06

A essência do Mahābhārata e da Bhagavad Gītā em 108 proposições

Mahābhārata1 estabelece a filosofia do coração em torno de quatro Puruṣārthas, ou poderes do coração, explicitados no próprio corpo do texto (MBh 1.2.83). No episódio da Bhagavad Gītā Arjuna mostra-se, inicialmente confuso, sem ânimo, motivação e coragem (śraddhā). Ele não sabe como resolver o seu dilema, elucidado por Krishna ao longo do texto. Krishna argumenta que, em cada instante, somos constituídos em conformidade com a nossa śraddhā (o sentimento sintrópico, a certeza interior e o altruísmo biológico, frutos do amor em ação), a bússola que orienta o desenvolvimento da nossa capacidade sintrópica de convergir, agindo com conhecimento e amor, para o coração. Como se dá este processo? Esta questão, introduzida no vídeo abaixo, está respondida nas 108 proposições discutidas a seguir. Dramatizada ao longo de todo o Mahābhārata, e conceituada no diálogo da Bhagavad Gītā, a Filosofia do Coração funda-se na escuta amorosa do sentimento sintrópico que expressa o nosso altruísmo biológico, ou  śraddhā. Este revela-se a partir do esforço de harmonizar as vias, contrárias e mutuamente excludentes, da ação e do conhecimento (jñānakarmasamuccaya-vāda). 

2020-10-17

Śraddhā Yoga: (I) A Natureza da Meta

A Bhagavad Gītā como a Expressão Paradigmática da Metáfora Fundamental sobre a Arte e a Ciência da Meditação
Sanjaya narra o diálogo da Bhagavad Gītā
para o rei cego Dhritarashtra.

Este texto é o segundo da serie de pequenos artigos adaptados do capítulo "A Fenomenologia da Consciência do Śuddha Yoga: ciência, espiritualidade, meditação e o surgimento de um novo paradigma", de minha autoria, que encerra o livro O Estudo da Consciência – Inovação Pessoal e Redes Sociais (Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2020), objeto do texto anterior (ver aqui).

Parte essencial da narrativa maior do épico Mahābhārata (aproximadamente 100.000 versos), os setecentos versos da Bhagavad Gītā constituem, muito provavelmente, a primeira reportagem de guerra em tempo real de que se tem notícia (TURCI, 2007b). O episódio da Bhagavad Gītā representa a reportagem feita ao rei cego Dhṛtarāshtra em seu palácio sobre os fatos que estão se passando no campo de batalha, instantes antes do seu início. A importância da Bhagavad Gītā deve-se ao fato dela registrar o diálogo que restabelece os fundamentos perdidos da ancestral arte e ciência da meditação, conforme praticada pelos antigos sábios da tradição védica (Ṛṣis). 

2019-04-06

A Bhagavad Gītā como Metáfora da Arte e da Ciência da Meditação

A Bhagavad Gītā como a Expressão Paradigmática da Metáfora Fundamental sobre a Arte e a Ciência da Meditação
Sanjaya narra o diálogo da Bhagavad Gītā
para o rei cego Dhritarashtra.
A Bhagavad Gītā constitui-se como um resgate da história da arte e da ciência da meditação, sob a forma de uma reportagem ao rei cego Dhritarashtra, em tempo real, do diálogo entre os príncipes Krishna e Arjuna, instantes antes do início da grande batalha final do Mahābhārata. Representa um pequeno diálogo de coração-a-coração (saṃvāda), de 700 versos, dentro da narrativa maior do épico (aproximadamente 100.000 versos), onde o protagonista Arjuna1 escuta de Krishna como desenvolver a śraddhā2 necessária para sair do seu “estado de ilusão e confusão mental” em relação ao dharma (sagrado) e para dar sequência ao processo de individuação do Ser e, consequentemente, de comunhão com o sagrado.