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2019-04-06

A Bhagavad Gītā como Metáfora da Arte e da Ciência da Meditação

A Bhagavad Gītā como a Expressão Paradigmática da Metáfora Fundamental sobre a Arte e a Ciência da Meditação
Sanjaya narra o diálogo da Bhagavad Gītā
para o rei cego Dhritarashtra.
A Bhagavad Gītā constitui-se como um resgate da história da arte e da ciência da meditação, sob a forma de uma reportagem ao rei cego Dhritarashtra, em tempo real, do diálogo entre os príncipes Krishna e Arjuna, instantes antes do início da grande batalha final do Mahābhārata. Representa um pequeno diálogo de coração-a-coração (saṃvāda), de 700 versos, dentro da narrativa maior do épico (aproximadamente 100.000 versos), onde o protagonista Arjuna1 escuta de Krishna como desenvolver a śraddhā2 necessária para sair do seu “estado de ilusão e confusão mental” em relação ao dharma (sagrado) e para dar sequência ao processo de individuação do Ser e, consequentemente, de comunhão com o sagrado.

2019-01-10

Espiritualidade e Tolerância Religiosa

Hoje é comum falar em espiritualidade nativa, espiritualidade feminina, e assim por diante, para designar aquilo que as religiões institucionalizadas nem sempre conseguem abranger. Em linhas gerais, define-se espiritualidade como a vida interior e o conjunto de práticas que a sustém, sem que isto se dê, necessariamente, em associação com qualquer religião institucionalizada. O termo "espiritualidade" empresta fôlego novo para lidar com as antigas divergências religiosas e se apresenta com um bom candidato para ajudar a ressignificar o termo "religião". Enquanto a religião exige que se aja segundo a fé, a espiritualidade nos convida a agir segundo as leis do amor universal. Na Europa e nos Estados Unidos grande parte das instituições universitárias já têm uma disciplina tratando da espiritualidade. No Brasil, a Universidade Federal Fluminense, por exemplo, oferece, desde 2017, a disciplina Medicina e Espiritualidade, envolvendo profissionais das áreas de psicologia, medicina e artes. 

2018-06-18

Gītā-Upadeśa: o ensinamento iniciático sobre a via luminosa do coração

A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
Representação do Anāhata:
o coração espiritual, sede do Espírito.
Vi outro dia num portal a seguinte recomendação: “você deve seguir sempre o seu coração”. O portal também sugeria que o conceito de espiritualidade iria, no futuro, ocupar o espaço hoje reservado à “religião” do homem dividido: “Um dia os homens não terão mais rótulos religiosos. Ninguém se dirá católico, protestante, hindu, (...) ou qualquer outra coisa, porque a única identificação que trará consigo será o amor.”  Isto me fez pensar na ancestral técnica védica utilizada pelos Rishis (videntes) na elaboração de textos sagrados, conhecida como Ṛṣi-nyāsa e chamada de Noúres por Pietro Ubaldi. Ṛṣi-nyāsa expressa a capacidade de fazer de toda atividade uma Invocação da energia divina e sintrópica (brahma-śakti).  Esta energia aparece personificada no Ṛgveda como a deidade Śraddhā, que, no  épico Mahābhārata, é invocada em seu aspecto de Durgā (Invencível) por Arjuna, em conformidade com a orientação de Krishna. Como consequência e expressão de Ṛṣi-nyāsa nasce, então, o próprio diálogo da Bhagavad Gītā.

2017-11-04

A Árvore do Śraddhā Yoga: do Bhāvana, ao Aṣṭāṅga e à Vipassanā

Este ensaio sobre o Yoga e as práticas de meditação aponta para algumas semelhanças existentes entre as modalidades de meditação associadas às tradições védica e budista e as discute no contexto de quatro eixos principais: (1) a filosofia do coração da Bhagavad Gītā; (2) os quatros pilares que fundamentam os sistemas religiosos e as cinco classes de Escrituras Sagradas que os caracterizam; (3) a metáfora da árvore aśvattha, de raízes invertidas, presente na Bhagavad Gītā, segundo a interpretação de B.K.S. Iyengar; e (4) o Yoga Ancestral, resgatado por Krishna, o Aṣṭāṅga Yoga e o budismo das tradições Theravāda e Mahāyāna. Mais do que uma comparação entre sistemas, trata-se aqui de uma intuição inicial do Śraddhā Yoga como raiz comum — uma raiz viva — cujos galhos se estendem por diferentes formas de atenção, amor e libertação.

De modo geral, não é comum discutir as semelhanças e sim as diferenças dos distintos sistemas religiosos, até porque uma nova tradição, geralmente, só se estabelece negando a que a precedeu. Este artigo, entretanto, trata das semelhanças, considerando, como dizia Gandhi, que "enquanto raízes as religiões são muitas, mas enquanto tronco ela é uma só".

2017-10-15

A Arte de Sonhar segundo Bhagavan Das

Esta prática assenta-se no princípio da unidade essencial (śuddha) de todo o fenômeno religioso   (dharma), conforme descrito por Hamsa Yogi no Sanātana Dharma Dīpikā e também no seguinte grupo de cinco shlokas do seu estudo introdutório da Bhagavad Gtīā (Upodhgāta, p. 72), conhecido como MANIFESTO ŚUDDHA. Bhagavan Das: profundo estudioso do Śuddha Dharma.  Pioneiro nas discussões sobre a unidade essencial das religiões. Autor, dentre outros livros, do seminal Essential Unity of All Religions (1932).
Bhagavan Das. Autor do seminal
Essential Unity of All Religions (1932).
Sonhos e Realidade: Uma Questão Desde a Infância

Desde a mais tenra infância, meus sonhos não eram meras divagações noturnas, mas sim portais para questões profundas sobre a realidade. Quem de nós nunca se perguntou se o mundo que experimentamos acordados é real? Ou se os limites entre o que é vigília e o que é sonho são mais tênues do que imaginamos? Neste Dia do Professor (15.10.2017), e celebrando um ano de nosso Livro-Blog, convido você a explorar essas indagações à luz do pensamento de Bhagavan Das, um mestre que dedicou sua vida à essência do sagrado e à arte de sonhar.

Bhagavan Das: O Senhor dos Sonhos e o Manuscrito Misterioso

Bhagavan Das, o grande mestre e precursor da Cultura Sintrópica do Śraddhā Yoga e autor do inspirador comentário Studies in the Bhagavad Gîtâ by the Dreamer: The Yoga of Discrimination (London, Theosophical Publishing Society, 1902) apresenta-se como ninguém menos que "The Dreamer" (O Senhor dos Sonhos), o personagem que aparece no misterioso e pouco conhecido manuscrito de Dr. R. V. Khedkar, The Dream Problem (Delhi: Practical Medicine, 1922), onde ele próprio também manifesta-se como um interlocutor. 

2017-09-07

A Bhagavad Gītā como o Modelo Pedagógico da Ciência da Meditação

“Há dois pássaros, dois bons amigos, que habitam a mesma árvore do Ser.
Um se alimenta dos frutos desta árvore; o outro apenas observa em silêncio.”
(Ṛigveda 1.164.20 e Muṇḍaka Upaniṣad 3.3.1)

O discurso de Krishna na Bhagavad Gītā contém, desenvolvidas de forma assistemática e respeitando a psicologia e o estado de confusão e dúvida de Arjuna, a Arte e a Ciência da Meditação, simbolizadas na metáfora dos dois pássaros, descrita no Ṛigveda (1.164.20): 

Dois pássaros com belas asas, companheiros inseparáveis, encontraram refúgio e abrigo na mesma árvore. Um deles se alimenta dos doces frutos da figueira; o outro, sem se alimentar, apenas observa... 

As práticas de meditação desenvolvem-se a partir desta metáfora do "pássaro testemunha" (veja aqui um vídeo ilustrativo  do vedanta). A árvore representa o nosso corpo, enquanto os dois pássaros, referem-se à nossa dupla natureza, material e espiritual: de um lado, temos a materialidade da mente emocional, racional e lógica, que constitui o nosso consciente, subconsciente e inconsciente (Jīva); de outro, a imaterialidade da consciência universal (Ātman) que anima o corpo, representada pelo coração espiritual. De um lado, inconstante, imperfeito e finito, o ser corpóreo (natureza humana) permanece em movimento, experimentando de todas as coisas. De outro lado, contudo, estático, perfeito e infinito, o Ser (nossa natureza sagrada; Espírito de Deus em nós) apenas observa e aguarda pelo reencontro – é a este processo dialógico de descoberta e unificação da alma (Jīva, o ser) com o Espírito (Ātman, o Ser) que se chama de meditação. 

2016-10-08

Prefácio: Śraddhā quaerens intellectum — o Coração (hṛdaya) pensa com amor; a Mente (manas) traduz

Śraddhā-Yoga Dhyāna-Bindu Śrīmad Bhagavad-Gītā
O Sublime Canto do Senhor sobre o Śraddhā Yoga e a Arte e a Ciência do Amor em Ação

Śrī Kṛṣṇa Dvaipāyana Veda Vyāsa, compilador do Mahābhārata.
Natural de uma ilha do rio Yamuna, em Kalpi, é neto do
Rishi Vashistha e filho do asceta Parashara e Satyavati.

Em memória de todos os ancestrais da família.
Em memória de meu avô materno, Edison Barretto.
Em memória de minha avó paterna, Angelina Medicci.
Ele ensina aos filhos o amor às coisas do espírito.
Ela, a coragem para recomeçar no novo mundo.

Aos filhos que refletem sobre a obra dos pais.
Aos que não julgam, mas apenas mudam.
Aos que não mudam, mas apenas são.

E aos que sabem deixar de ser.
Enfim, a todos deste jardim,
Embaixo e acima dos
Edens da ilusão.
(10.12.2003)


***
Dedico este trabalho, com amor e  reverência,
a todos os grandes mestres da humanidade,
em especial, aos Gurudevas
Śrī Kṛṣṇa Dvaipāyana Veda Vyāsa, 
compilador do Mahābhārata, e
Śrī Haṁsa Yogi, o seu mais misterioso
e enigmático comentador.

Mentalizo em meu coração a imagem
de puro resplendor dos pés de lótus dos Mestres
 e me curvo, invocando a sua orientação para cruzar o 
oceano da ilusão e alcançar a intuição da verdade.

***
OM, Saudações aos Grandes Sábios e Santos.
Que haja bem estar em todos os mundos e planos.

औं नमः श्रीपरमर्षिभ्यो योगिभ्यः।
auṁ namaḥ śrī-parama-rṣibhyo yogibhyaḥ.
शुभमस्तु सर्वजगताम्॥
śubhamastu sarva-jagatām.

Saudações aos gurus,
Saudações aos gurus dos gurus,
Saudações a todos os gurus.

अस्मत् गुरुभ्यो नमः।
Asmat gurubhyo namaḥ.
अस्मत् परमगुरुभ्यो नमः।
Asmat parama-gurubhyo namaḥ.
अस्मत् सर्वगुरुभ्यो नमः॥
Asmat sarva-gurubhyo namaḥ.

OM     HRIM     ŚRIM     KLIM     AIM     SAUḤ
(OM ŚRĪ) YOGA DEVYAI NAMAḤ


OM TAT SAT
NAMASTÊ

***