2024-04-14

Levanta, Sacode a Poeira e Dá a Volta por Cima (07/08)

Na manhã seguinte o jovem seguiu para a sede da matriz, no centro da cidade, onde a gestora o aguardava. Logo no início do encontro teve a oportunidade de fazer a mesma pergunta que fizera aos demais:

“Além das reuniões habituais a senhora mantém contato com o seu superior?”

“Muito pouco”, respondeu. “Exceto, claro, quando faço algo que me faça perder, em parte, a conexão com a egrégora. E isso sempre se manifesta naquilo que realizamos, que deixa de ser feito como deveria."

“Isto significa que se o vê com muita frequência é porque há problemas?”

“Em parte, sim”. Afinal, trabalho aqui há mais de 10 anos e conheço muito bem todos os processos e procedimentos operacionais desta empresa. Por isto mesmo, não há necessidade do meu superior passar muito tempo comigo. Eu mesma estabeleço os meus saṃkalpas, os resumo em poucas palavras e os envio a ele, que, raramente, tem algo a acrescentar. Aprendi a disciplina interior do gestor sintrópico e por isto estou sempre satisfeita em minha egrégora e em sintonia com a consciência sintrópica, que me inspira e me possibilita continuar crescendo. Nas poucas vezes que estamos juntos, o seu olhar sereno e a sua confiança, me lembram do dhyāna mantra Haṃsa e me dão a certeza de que estou fazendo um bom trabalho. Quando zelamos pela nossa egrégora, os nossos resultados extraordinários ficam visíveis na expressão de cada membro da nossa equipe. Deste modo, todos da minha equipe me são gratos por lhes estar proporcionando a oportunidade de experimentarem desse ambiente e de se desenvolverem com ele.”

“E quando ocorrem os problemas, como funciona?

“Quando, possuindo toda a condição para agir certo, cometo um erro mais sério, ele aparece para me auxiliar em minhas sessões de viniyoga para resgatar os saṃkalpas e, consequentemente, as egrégoras. Todo erro é sempre sinal de alguma desarmonia que pode e deve ser corrigida o quanto antes. Viniyoga significa precisamente o compromisso e a disciplina para se começar tudo de novo a partir do ponto em que nos encontramos. Representa o esforço para se recuperar a conexão perdida com a consciência sintrópica, a única que nos dá o poder de agir com maestria e motivação correta, mantendo o nosso ego inativo. Este poder envolve o compromisso com o propósito (saṃkalpa) definitivo (ananta he!) de praticar a rendição incondicional (namaḥ) à consciência sintrópica, de modo que possamos restabelecer a harmonia da nossa egrégora e encontrar as soluções que se ocultam nas próprias experiências que vivemos. O gestor, portanto, surge nesses momentos para nos auxiliar em nossa disciplina de viniyoga, que é quase uma consequência natural dos processos de instabilidade, que surgem quando nos afastamos dos resultados almejados. Viniyoga é fruto do desejo sincero de voltar a acertar e por isto exige de nós um esforço especial e intenso de ajuste e busca de sintonia fina com a consciência sintrópica. Logo que o erro se manifesta, o gestor nos procura e confirma os fatos. Em seguida, nos convida a repassar com ele todas as etapas do programa de gestão sintrópica. A diferença é que agora não é mais como da primeira vez, pois já temos conhecimento. O processo todo é como um resgate, que exige esforço e disciplina olímpica, tal qual em uma espécie de purgatório, que é dolorido, mas que se destina a nos recuperar. Temos que refletir muito seriamente sobre o que fizemos de errado e gestar as condições para que aquele mesmo erro não se repita.

“Quanto tempo dura o encontro com o gestor e quanto tempo dura todo o processo de viniyoga?”

“O encontro não necessita ser longo, na maior parte das vezes, fica entre 30 e 60 minutos. Agora quanto ao processo de viniyoga como um todo é difícil precisar, pois uma vez que ele é iniciado, logo assume contornos novos e já não temos certeza se ainda estamos em viniyoga, ou se já operamos normalmente sob a consciência sintrópica. Não é raro que após essa etapa ocorra um verdadeiro salto quântico que acelera o nosso crescimento. Tudo depende de como nos relacionamos com aquele erro e do que pudemos aprender com ele. Durante o encontro com o gestor, o que faz toda a diferença é ele nos mostrar a sua confiança em nós e em nossa capacidade de superar aquela etapa. Deixa claro a relação de respeito que nos orienta e o seu desejo para que eu consiga recuperar o meu desempenho, não permitindo jamais que o mesmo erro se repita. O seu foco é o de um professor que se preocupa com o seu discípulo e com a correção do seu comportamento desviante. A gestão sintrópica funciona como uma grande universidade, onde os novos talentos logo se tornam gestores sintrópicos e encontram novas oportunidades de crescimento, dentro, ou fora da empresa. Então eu sei que a sua austeridade é porque mereço o seu respeito como pessoa e como discípula. Sei que ele está sendo justo e coerente com o meu desenvolvimento sintrópico e, consequentemente, com a manutenção da nossa egrégora. O contato com ele, apesar de breve, nos devolve a energia e a nossa própria capacidade de seguir em sintonia com o gênio da lâmpada. Afinal, ele nos lembra, somos todos representantes do gênio da lâmpada, da consciência sintrópica, e que nada pode haver de mais elevado que esta percepção. E assim temos de volta a nossa capacidade de atender aos nossos saṃkalpas e levar adiante o nosso trabalho.”

“Isto é fascinante!”, respondeu o jovem. “Mas como é que se aprende isto? 

“Simples. Pelo exemplo, na prática, do nosso superior e também daqueles que nos cercam, da nossa equipe e de todos já integrados no programa de gestão sintrópica. Aprendemos até quando o nosso gestor comete um erro. Pois ele também entra em viniyoga e usa o seu exemplo e aprendizado para nos mostrar a eficácia do programa e como deveremos agir quando fizermos algo errado ou flagrarmos alguém de nossa equipe em erro.”

“Isto quer dizer, em suma”, respondeu o jovem, “que viniyoga exige de nós um esforço único e idiossincrático de reajuste da sintonia fina com a consciência sintrópica. Ou seja, expressa a capacidade prática de recomeçar, após qualquer queda, a partir do novo ponto em que nos encontramos, não importando qual seja ele. Não há em viniyoga o esforço para se retomar de onde se estava, mas a partir de onde se está. E assim, naturalmente, é nesse processo que se alcança àquele ponto em que nós encontrávamos, possibilitando-nos, inclusive, avançar até mais rapidamente que antes. Mas se esse é o caso, onde a senhora acredita que se esconda o segredo da eficácia dos processos de viniyoga dos gestores sintrópicos?”

“Veja que você mesmo está experimentando agora da eficácia deste processo. Iniciou o seu aprendizado a partir do ponto onde se encontrava, sem nenhuma espécie de pré-requisito. Vou deixar, então, que você pergunte isto diretamente ao nosso presidente. Ele gostaria de revê-lo.”

Despediram-se e o jovem deixou a sala da gestora pensando sobre a simplicidade das três etapas do programa de gestão sintrópica, que se fundam, respectivamente:
1 - no dhyāna mantra Haṃsa, símbolo da consciência sintrópica e do processo de escuta de coração-a-coração, conhecido como saṁvāda;
2 - na energia interior que anima os saṃkalpas; e
3 - nos processos de viniyoga, que garantem a manutenção das egrégoras e da gestão sintrópica.

Libertávamos o gênio da lâmpada quando cultivávamos o dhyāna mantra Haṃsa e atendíamos aos nossos saṃkalpas. O estabelecimento dos saṃkalpas significava que a pessoa se comprometia, igualmente, com o seu processo de mudança e crescimento interior e de atendimento às suas responsabilidades, em conformidade com a egrégora formada e o desempenho esperado pelos seus gestores. Se cometíamos um erro mais sério, buscávamos, em viniyoga, resgatar os saṃkalpas e, consequentemente a sintonia com gênio da lâmpada. 

Faltava ainda compreender por que o programa de gestão sintrópica, apesar de funcionar tão bem, era ainda pouco conhecido. Sobretudo, faltava compreender o segredo do seu sucesso nos ambientes onde fora implementado.

SUMÁRIO GERAL: A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā

Rio de Janeiro, 14.04.24.
(Atualizado em 21.04.24)

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