2025-08-13

Os Cinco Aspectos da Práxis Sintrópica e os seus Mantras



Haṃsaḥ śāntiḥ śraddhāyāḥ.
Haṃsa, a respiração do Ser,
é a paz do amor em ação.

A disciplina sintrópica do Śraddhā Yoga é um circuito de cinco gestos que estabiliza o coração com  Ṛta: começa no saṃkalpa (o voto que orienta), consagra-se em ṛṣi-nyāsa (a internalização  reverente de um arquétipo da linhagem sagrada), aplica-se em viniyoga (a prática continuamente ajustada às necessidades do momento presente — seja no retorno após uma pausa, seja na personalização atenta), purifica-se em satya tyāga (a dedicação verídica às verdades [satya] experimentadas na aproximação à Consciência Sintrópica Universal) e se mantém em upasthāna (a presença sustentada, que faz de cada minúscula ação uma meditação). Não são etapas estanques: são órbitas que se reforçam mutuamente. O eixo respiratório (haṃsa/so’ham) dá ritmo às passagens; o mantra acende a memória do real; a ação retorna à fonte. Quando o gesto inteiro vibra na mesma clave — propósito, consagração, aplicação, renúncia e presença — a paz não é pausa: é paz em movimento, a clareza que age por amor.

Mantras-regentes de cada etapa

  1. Saṃkalpa, o voto amoroso que orienta o agir, sustenta-se pelo mantra: OṂ Śraddhā Śāntiḥ, que nos orienta para a paz que nasce do amor em ação;
  2. Ṛṣi-nyāsa, o exercício de convergência ativa de alinhamento reverente e ativo, com a linhagem dos grandes seres de sabedoria. Desenvolve-se por meio do Gitā Mantra OṂ Namo Nārāyaṇāya, que expressa a rendição do nosso aspecto humano (Arjuna; Nara) ao divino (Krishna; Nārāyaṇa), presente no  nossos coração;
  3. Viniyoga, a aplicação precisa da energia spiritual, respeitando as condições atuais e favorecendo uma progressão gradual e consciente, se funda no mantra OṂ haṃsaḥ so'haṃ yogeśvarīm hrīṃ svāhā, que nos recorda nossa origem: "OṂ eu sou o Eu Sou, saudações à Nossa Senhora do Yoga, Śrī Yoga Devī; 
  4. Satya Tyāga, abandonar o ruído, permanecer no verdadeiro, implica  a renúncia (samnyāsa) de tudo o que impede a consagração (tyāga) de si à Vontade Suprema. Daí o seu mantra, OṂ namaḥ śrī-parama-ṛṣibhyo yogibhyaḥ  — "OM, alinho-me, reverentemente, aos grandes sábios e santos de todas as tradições"; e
  5. Upasthāna,  a conclusão, o agradecimento e presença que nos faz instrumentos do sagrado em cada gesto. Significa respirar o Ser e agir com paz e amor. Daí o seu mantra, que se revela em nossa própria respiração, Haṃ-so’ham. Segundo as Escrituras védicas, inspiração e  expiração correspondem aos sons "haṃ" e "sa", compondo ajapa-japa mantra (repetição não oral). Desde as primeiras Upaniṣads, haṃsa (cisne, símbolo do Espírito) designa o enlace entre o “eu” (haṃ) com o espírito universal “ele/ela” (saḥ).
— Śāntiḥ Śraddhā.