2024-04-14

Opúsculo: um Programa de Gestão Sintrópica (01/08)

Prefácio

Quando deixei o ambiente corporativo, em meados de 1986, queria, basicamente, responder às seguintes perguntas: Como encontrar alternativas sintrópicas capazes de otimizar a qualidade do ambiente corporativo e da sua relação com o meio externo? Como viabilizar  a implementação de condições de trabalho capazes de atender as demandas institucionais? Como escapar do ciclo desenvolvimentista não sustentável, onde os funcionários e servidores, em geral, são treinados para se alienarem da natureza e se adequarem à ambientes inseguros, insalubres, sem perspectivas de realização pessoal? Nascia assim a minha motivação para encontrar uma práxis organizacional sintrópica, fundada no respeito à vida e aos seus ciclos naturais.

A saúde de um organismo não depende unicamente do tratamento dado a ele como indivíduo e sim como parte de um ecossistema maior e suas relações ecológicas intraespecíficas (entre membros de grupos que cooperam entre si e/ou disputam pelos mesmos recursos e oportunidades, formando colônias e sociedades) e interespecíficas (entre membros de diferentes grupos, capazes de trabalhar de forma não predatória, parasitária, ou seja, de forma que uns tragam benefícios aos outros). Assim como uma área recuperada influencia a recuperação do seu entorno, assim também uma empresa recuperada, promove a recuperação econômico-socioambiental de uma comunidade, de uma cidade e de um país.

Do ponto de vista da cultura sintrópica, as formas de desarmonia são sempre vistas como alertas.  Elas apontam para o envelhecimento dos valores e da visão de mundo que norteiam a missão de cada célula do organismo. Os ambientes de incerteza, insegurança e caos, desafiando toda a lógica, funcionam estimulando o desenvolvimento humano. Quando um grupo resgata a sua sintropia regula também o desenvolvimento de outras egrégoras sintrópicas. Cada egrégora que se recupera torna-se semente para a formação de novas egrégoras sintrópicas.

Quando um grupo reconhece o Planeta Terra como um ser vivo, a sua visão de mundo deixa de ser fragmentada e inorgânica para adequar-se à lógica viva da natureza. As podas e a eliminação sistemática dos nossos pontos doentes trazem de volta a saúde do corpo. Quando a ideia deixa de ser consumir e esgotar as pessoas, estas passam a florescer. Quando se investe nas pessoas e no desenvolvimento do seu ambiente de trabalho, a sinergia gerada no ambiente maximiza a qualidade dos resultados que a empresa produz. 

O processo de regeneração periódica dos ecossistemas, bem como a criação de novos, é o meio pelo qual a vida se move no tempo e no espaço. Todo o funcionamento do Planeta Terra corresponde ao de um organismo, onde tudo está conectado e é interdependente. Os indivíduos estão equipados para cumprirem as suas funções e para se comunicarem com os demais membros do organismo do qual fazem parte, segundo a lei universal do amor e do princípio da cooperação.

Cada espécie que se manifesta o faz para realizar tarefas específicas e para cumprir a sua função. Desta forma, cada indivíduo, de cada geração, atua de forma pré-condicionada, segundo os seus antecessores. A sua presença em qualquer ambiente o modifica, fazendo surgir novos genótipos de espécies já existentes, para realização de novas tarefas, ainda não codificadas. Deste modo, embora a Terra permaneça a mesma, sofre mudanças devido às incessantes alterações nas condições de vida. Considerando as empresas como dotadas de vida própria, logo se percebe que elas estão sujeitas a estas mesmas leis universais do universo sintrópico.


Rio de Janeiro, 14.04.24.

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