2019-02-06

O "Bom-Senso", a Bhagavad Gītā e o contexto do ​Mahābhārata

Eu penso, portanto eu sou.
(Discurso sobre o Método,  1637)
O "Bom-Senso": o coração tem razões que a própria razão desconhece

O bom-senso (com hífen), representa, diferentemente do senso comum (sem hífen), a base fundamental onde se assentam todas as expressões verdadeiras, justas e belas. Pode ser entendido como o resultado do pleno funcionamento da razão, quando iluminada pelo sentimento ajuizado que jorra do coração. Neste sentido novo, o antônimo de "bom-senso" é "fé cega" e não "mau senso". O bom-senso, portanto, previne contra toda a espécie de dogmatismo, fantasia, idolatria e fanatismo. Esta definição ingênua, quase óbvia, poderia ter sido formulada por Descartes, mas ele não explicou completamente o que entendia por "bom senso" (sem hífen). O resultado é que até hoje os lexólogos só reconhecem o sentido da expressão sem o hífen. O  bom-senso (com hífen) de Descartes, contudo, manifesta-se em sua obra como a expressão elevada desse sentimento ardoroso interior que o orientou, de forma indubitável, como uma bússola, em direção à sua primeira certeza sensível: "cogito ergo sum" –  penso, logo existo (1644). A certeza sensível é uma expressão da harmonia entre a razão (mente) e o coração (intuição). Surge do mesmo bom-senso que fez Descartes ferver por inteiro, impedindo-o de sucumbir à letra morta das Escrituras, à autoridade papal e, principalmente, de cair vítima da interpretação cega das leis e dos costumes da época. Foi o seu bom-senso que impediu a sua razão de se tornar mera desrazão, à serviço de interesses obscuros das pseudo-ciências, pseudo-religiões e pseudo-justiça. O seu bom-senso, ou seja, a sua razão iluminada pela luz do coração, dotou-o de coragem para driblar a desrazão vigente e manter a coerência entre o seu discurso e a sua prática.

A razão humana, sem o coração, é dotada de simples bom senso. É mecânica; apenas checa e aplica as regras, de maneira automática e reducionista, sem levar em conta que é parte de uma natureza mais ampla, orgânica e holística, que se desenvolve a partir da racionalidade, da irracionalidade e da supra-racionalidade que estão na origem das distintas formas de cultura. Há que se saber distinguir, portanto, entre a paixão cega, o sentimento que conduz os tolos, e o fervor que orienta a razão iluminada e produz os gênios, como o próprio Descartes. De modo geral, levantamos as sobrancelhas para o alto quando aspiramos ou pensamos nos ideais mais elevados. Neste movimento, a razão encontra-se tomada e subjugada por sentimentos nobres. No entanto, ao mais leve franzir de nosso semblante, a razão passa a se orientar pelo orgulho racionalista de quem se acredita imune à mediação de todas as emoções e sentimentos. Tal orgulho, que se dissimula como "neutralidade" racional, nubla a razão, que se acredita pura, tornando-a mero instrumento para o exercício do egoísmo, do poder e da dominação de todos os seres e da própria natureza.

Séculos antes de Cristo, na Índia, a Bhagavad Gītā1 já tratava do bom-senso (buddhi) e dos limites da razão humana. Esta matéria é discutida de maneira sintética no segundo capítulo e, de forma analítica, ao longo de todo o restante do diálogo entre Krishna e Arjuna. Na Bhagavad Gītā, Krishna convoca Arjuna a exercer o bom-senso em sua tomada de decisão. Com este fim, o instrui sobre a arte e a ciência da meditação, partindo do princípio que o universo, aí incluídos os diversos sistemas de conhecimento e a lógica que os orienta, derivam de uma única fonte, que confere graus distintos de legitimidade e realidade a tudo. Arjuna vislumbra a misteriosa (guhya) ciência (vidyā) real (raja) e, aos poucos, conecta-se com a sua própria essência, recuperando a confiança em si mesmo e dotando-se de um fervor espiritual, ou śraddhā, que o capacita a agir com bom-senso.

Literalmente, śraddhā significa o esforço de tudo realizar de coração, pelo coração e com o coração. O nome técnico deste funcionamento na literatura sagrada é "Ātma-para", ou seja, "orientado pelo Espírito que habita o sagrado coração". Desse modo, śraddhā representa a componente essencial de toda a atividade humana, sem a qual qualquer ação não passa de perda de tempo.

Shankara e seus discípulos
Shankara, o maior filósofo do Advaita Vedanta, vê em śraddhā apenas mais um conceito religioso da Bhagavad Gītā, que ele define como astikyabuddhi (a disposição mental de confiança no bom-senso) e que a tradição do vedanta costuma traduzir como "fé". Śraddhā, entretanto, possui esta outra dimensão, não explorada pelo Vedanta, que denota o sentimento racional de certeza e experiência com o real, que transcende a esfera da crença religiosa. É neste sentido que o termo é utilizado na Bhagavad Gītā, referindo-se a esta disposição do espírito em nos tornar instrumentos de uma natureza superior e sagrada. Quando Arjuna experimenta esse estado luminoso de sintonia entre mente e coração, que se dá por meio da faculdade de buddhi (bom-senso), consegue unificar a batalha exterior com a sua batalha interior, que o convocava para a execução da ação necessária, reta e legítima – ou seja, aquela ação que se realiza como uma forma de sacrifício de si mesmo, como uma oferenda em nome do sagrado, pelo bem-estar de todos os seres.

Há alguns indícios de que o grande Lao Tzu formula o que entendia ser o Tao, o caminho natural pelo qual os seres humanos deveriam se conduzir, sob influência da Bhagavad Gītā, que teria chegado à China por transmissão oral3. Em termos operacionais, o funcionamento segundo o caminho luminoso do coração (Ātma-para; Tao), implica em atuar no mundo com a razão pura, educada e iluminada pela luz do sentimento amoroso, que jorra do Espírito imaculado, no imo do sagrado coração. Quando o coração está pronto, abre-se para esta natureza sagrada e para a compreensão de que a linguagem amorosa do coração constrói e, a um só tempo, representa esse caminho natural do Tao. Ele nos revela a onipresença de um poder superior, que abarca e compreende toda a natureza, a qual nos referimos, inclusive por diversos nomes de  "pessoas divinas", embora o seu aspecto transcendente, de "não-pessoa", seja inominável.

A filosofia e a ciência contemporâneas começam a perceber a existência de um novo paradigma, que regula e possibilita o funcionamento harmonioso da razão. Disciplinas como a biologia (veja aqui), a psicologia (veja aqui) e a ecologia, por exemplo, investigam como os sentimentos superiores (de unidade, conexão e equilíbrio) conferem sentido à razão, elevando-a de sua esfera lógica inorgânica, que rege todos os fenômenos abstratos e inanimados, para a esfera da lógica orgânica, dialética e contraditória, que rege tudo aquilo dotado de vida. Desde Freud, a racionalidade kantiana mostra-se nada mais que a ponta do iceberg, constituído, em sua maior parte, pelo inconsciente. O argumento da assepsia racional, que caracterizou a filosofia moderna, vigente até o século XIX, e que descredencia os sentimentos em geral, baseia-se no mito da "imparcialidade", ou da "neutralidade" da razão. Entretanto, sem o sentimento, a razão pura apresenta-se mecânica, reducionista e, ante as injustiças, apenas "lava as mãos", pois ignora o sagrado coração. A própria história da tradição judaico-cristã do ocidente sugere esse entendimento através da figura de Pôncio Pilatos. Este vale-se do entendimento de que a justiça é cega, ou seja, completamente racional, para sentenciar à morte Jesus. Seu coração de pedra não lhe permite interpretar o Direito Romano à luz do sentimento que nos revela, de cada um, o interior – o que certamente o levaria a acolher o Cristo, ao invés de "lavar as mãos". Faltava a Pilatos, portanto, o bom-senso.

Arjuna contempla as múltiplas formas do Ser.
A Bhagavad Gītā e o contexto do Mahābhārata

Bhagavad Gītā é parte do sexto volume do épico Mahābhārata2, intitulada Bhīṣma Parvan, ou seção relativa ao grande sábio Bhisma. O Mahābhārata prepara a descrição dos eventos da Bhagavad Gītā quando intitula os protagonistas Arjuna e Krishna de Nara e Nārāyaṇa. "Nara" designa a pessoa humana, enquanto "Nārāyaṇa" designa a "pessoa divina e imutável", que tem a seu cargo o governo sutil do mundo. O sânscrito não tem uma palavra para "mito" e aquela que dela mais se aproxima parece ser "upākhyāna" ou estória metafórica, como melhor se descreve o Mahābhārata.  Assim, embora a batalha narrada no Mahābhārata se passe nas planícies de Kurukṣetra, uma localidade não muito distante de Nova Deli, a batalha real é a que se passa na mente de Arjuna, durante o episódio da Bhagavad Gītā, com todo o episódio do Mahābhārata servindo-lhe de metáfora. O diálogo da Bhagavad Gītā refere-se tanto à esfera interior do ser, que se passa no campo da consciência, quanto à esfera exterior, concreta, que se dá no campo de batalha. Arjuna incorpora os valores morais da época e está em crise de consciência. Krishna representa a instância renovadora e/ou transgressora destes mesmos valores decadentes e se apresenta como a voz do coração.

Desde o início do Mahābhārata até o momento da Bhagavad Gītā, Krishna atua como um embaixador da paz, utilizando as quatro vias sugeridas pela tática diplomática, posteriormente compiladas no Código de Manu: conciliação (śāman), persuasão (bheda), oferecimento de compensações (dāna) e ameaça de punição (daṇḍa). Se o Mahābhārata apresenta o contexto geral dos costumes morais da época, em conformidade com o entendimento dogmático do varṇāśrama-dharma (estruturação social fundada no sistema de castas), a Bhagavad Gītā, em particular, propõe uma análise crítica sobre estes mesmos costumes, inaugurando uma ética fundada nos valores do coração, onde se oculta a essência (śuddha) do sagrado (dharma). Após o episódio da Bhagavad Gītā a questão da paz será novamente objeto de estudo no volume doze do Mahābhārata, intitulado "O Livro da Paz. Se antes Bhisma não dera ouvidos a Krishna, agora, ferido num leito de flechas, ele apresenta uma interessante reflexão, em sintonia com a mensagem de Krishna, sobre a conduta ética do regente, as leis do Estado e a disciplina para a salvação espiritual. A reflexão de Bhisma continua no volume treze, "O Livro das Instruções", sobre a arte de reinar. No volume quatorze, chamado Anu-Gītā (literalmente, "Depois da Gītā"), o próprio Krishna repassa os seus ensinamentos ao longo do Mahābhārata. Explica também à Arjuna a impossibilidade de reconstituir, em sua plenitude, os ensinamentos da Bhagavad Gītā, possíveis de serem revelados, unicamente, naquelas circunstâncias sublimes de renúncia e entrega em que se encontrava Arjuna no limiar da grande batalha.

A epistemologia de que se vale Krishna na Bhagavad Gītā deriva da milenar filosofia do sāṃkhya, segundo a qual a matéria possui três qualidades básicas, denominadas, respectivamente, sattva (harmonia e equilíbrio), rajas (movimento e paixão) e tamas (inércia e indolência). No período védico, estes três guṇas, ou qualidades, eram tratados em termos de três cores primárias, fundamentais, de cuja composição derivar-se-ia todo o restante do espectro. Estas três qualidades (tri-guṇas) básicas possibilitam a representação metafórica, cromática, tanto da realidade psicológica como concreta.  Em termos simples, sattva representa o estado harmonioso e equilibrado entre matéria e espírito. Rajas representa o estado dinâmico e explosivo, típico daquilo que é colorido pela paixão. E tamas representa o estado obscuro, pesado e inerte, característico daquilo que é opaco e sem luz. Sattva associa-se ao princípio inteligente e espiritual, tanto quanto tamas associa-se ao princípio material. Rajas representa aquela condição onde o espírito encontra-se subjugado à matéria.

Apresentamos a seguir uma descrição do funcionamento dos vinte e quatro princípios fundamentais (tattvas) que, de acordo com a filosofia sāṃkhya, regem a matéria. Estes variam ligeiramente segundo as diferentes escolas de pensamento, mas, em termos gerais, pode-se dizer que a psique humana seria ativada pelo Espírito e que compreenderia quatorze princípios, divididos em seis níveis hierárquicos distintos, mais o sétimo, representado pelo próprio espírito:
  1. jñānendriyas: os cinco sentidos físicos (audição, tato, paladar, visão e olfato);
  2. tanmātras: os cinco sentidos internos correspondentes aos cinco sentidos (som, contacto, forma, tato e cheiro);
  3. manas: a mente, que discrimina e classifica as impressões dos sentidos e controla a vontade;
  4. saṃskāra: o caráter, formado pelas impressões profundas, formadas ao longo da vida e também herdadas de uma vida corporal para outra;
  5. ahaṃkāra: o ego, a instância do ser individual que integra e organiza a experiência fenomênica;
  6. buddhi: a faculdade do bom-senso, que controla o processo de tomada de decisão e vincula o individual com o todo, conduzindo-nos à iluminação; e
  7.  Ātman, o Ser,  manifestado como a consciência.
Existem ainda dez princípios correspondentes aos cinco órgãos da ação (karmendriyas) e os seus respectivos pares funcionais: (1) a boca e a capacidade de se alimentar; (2) os membros superiores e a capacidade de executar tarefas; (3) os membros inferiores e a capacidade de movimento; (4) os órgãos genitais e a sua função de procriação; e (5) o reto e a sua função de excreção.

O caráter4 (saṃskāra) seria preservado de uma vida para outra por meio do Antaḥkaraṇa, o corpo sutil, constituído pelo ego (ahaṃkāra), pela mente (manas), pelo intelecto (buddhi), que segue reencarnando, animado pela manifestação do espírito (Ātman). O espírito (Ātman), enquanto sujeito ao ciclo reencarnatório, é conhecido como ​Jīva (alma evolutiva), o princípio vital que habita no corpo sutil (Antaḥkaraṇa). O ego (ahaṃkāra), também conhecido como "eu inferior", seria a instância responsável pela nossa condição de escravidão,  em contraposição ao Ātman, ou "eu superior". O ego manifesta-se como impulsividade e falta de reflexão, por isto a Bhagavad Gītā prescreve a meditação sobre a ação como forma de evitar a sua tirania, considerando que os comandos para as ações deveriam partir unicamente do coração, uma vez que este reflete a nossa consciência crística (Ātman). Assim, pode-se inferir que, de acordo com a Bhagavad Gītā, pecar contra o espírito (Ātman) nada mais significa que deixar de atender aos chamamentos da consciência, uma vez que é por meio de nossa consciência individual que o Supremo Ātman (Paramātma), expressão de Deus, a Consciência Universal, nos fala.

Enquanto a noção de indivíduo pertence ao ego (ahaṃkāra), a ideia de que somos pessoas e constituímos os órgãos interdependentes do corpo do sagrado pertence ao Espírito (Ātman). O sentimento de egoísmo jamais vem do Espírito, mas da instância material, na Bhagavad Gītā denominada ahaṃkāra, ou ego, sede do desejo, da ira, da inveja e todas as paixões e baixas inclinações. Segundo o texto, aquilo que o coração não consegue discernir veste-se com a matéria da ilusão. As distrações constituiriam o meio segundo o qual as ilusões tomariam forma, impedindo a mente de desvelar a natureza do real. Por isto o controle mental é um dos temas da Bhagavad Gītā. Krishna convoca Arjuna a declarar independência de sua natureza inferior, submetendo a sua mente ao sagrado presente nele mesmo. É a consciência que nos revela o real, e não os sentidos. Entretanto, apenas aqueles de mente disciplinada têm coragem para ver e ouvir o que dita a consciência. É difícil ainda resistir à retórica que nos chega do mundo exterior por meio dos sentidos e dos infindáveis argumentos analíticos.  O décimo capítulo da Bhagavad Gītā, intitulado Vibhūti Yoga, ou a vivência (yoga) das excelências e das bem aventuranças (vibhūti), discute como sublimar as tensões e disfunções geradas a partir do recrudescimento do nosso próprio egoísmo. A angústia seria um primeiro sinal de que tais transformações estariam sendo processadas. Representaria a seta a nos sugerir que nos voltemos para o sagrado e para a compreensão de que somos parte de um todo orgânico. Arjuna alcança tal compreensão no décimo primeiro capítulo, intitulado Viśvarūpa Darśana Yoga, ou a experiência (yoga) que conduz à visão (darśana) das múltiplas formas (viśvarūpa) do sagrado. Sob a supervisão de Krishna, Arjuna aprende a enfrentar e superar o sentimento paralisante de angústia e medo de errar, que o acometia.

CONCLUSÃO

Bhagavad Gītā, em suma, é tanto um tratado sobre teologia e teosofia (Brahma-vidyā) como sobre a arte de viver (yoga-śāstra). Integra, numa síntese harmônica, os diferentes elementos da tradição védica. Considera que as paixões egóicas representam os nossos únicos inimigos neste mundo. Os inimigos externos, descritos ao longo do Mahābhārata, tornam-se meros fantoches, que representam os arquétipos que trazemos em nós mesmos. São estes inimigos internos que nos levam a eleger certos inimigos externos. A função do mundo, portanto, é, simplesmente, revelar-nos como utilizar o teatro da vida para lidar com os nossos inimigos interiores, levando-nos à vitória sobre nós mesmos. A premissa subjacente a este entendimento da Bhagavad Gītā é que não somos apenas seres individuais, mas que formamos um corpo sagrado, onde cada indivíduo opera como um órgão interdependente. Daí a Bhagavad Gītā constituir-se como um manual sobre o bom-senso, a arte da meditação e, consequentemente, sobre a meditação na ação, para que esta seja reta, justa, necessária e dedicada espiritualmente para o bem estar do mundo.

N O T A S

(1) Para conhecer a pronúncia das palavras sânscritas veja o nosso resumo do Guia de Transliteração e Pronúncia das palavras sânscritas.

(2) O Mahābhārata, tradicionalmente, é dividido em 18 volumes. Há, contudo, algumas edições em que a divisão é feita por livros – 100 ao todo. Abaixo ilustramos a correlação de ambas versões. A numeração entre parênteses mostra os livros que compõem cada um dos 18 volumes. Como ilustração, discriminamos o título dos  cinco livros (60, 61, 62, 63 e 64) do sexto volume.

1.   (01 - 19) Ādi Parvan: O Livro Inicial (Gênesis)  (225 capítulos)
2.   (20 - 28) Sabhā Parvan: O Livro do Anfiteatro  (72 capítulos)
3.   (29 - 44) Araṇya Parvan: O Livro da Floresta  (298 capítulos)
4.   (45 - 48) Virāṭa Parvan: O Livro do rei Virata  (67 capítulos)
5.   (49 - 59) Udyoga Parvan: O Livro dos Esforços de Paz  (197 capítulos)   
6.   (60) Bhīṣma Parvan: O Livro de Bhisma  (117 capítulos)
      (61) A Criação do Continente Jambu
      (62) A Terra
      (63) A Bhagavadgītā    
      (64) A Morte de Bhisma
7.   (65 - 72) Droṇa Parvan: O Livro de Drona  (173 capítulos)    
8.   (73) Karṇa Parvan: O Livro de Karna  (69 capítulos)
9.   (74 - 77) Śalya Parvan: O Livro de  Shalya (64 capítulos)
10. (78 - 80) Sauptika Parvan: O Livro dos Guerreiros Adormecidos (18 capítulos)
11. (81 - 85) Strī Parvan: O Livro das Mulheres  (27 capítulos)
12. (86 - 88) Śānti Parvan: O Livro da Paz  (353 capítulos)    
13. (89 - 90) Anuśāsana Parvan: O Livro das Instruções  (154 capítulos)
14. (91 - 92) Aśvamedhika Parvan: O Livro do Sacrifício do Cavalo  (96 capítulos)
15. (93 - 95) Āśramavāsika Parvan: O Livro do Eremitério  (47 capítulos)    
16. (96) Mausala Parvan: O Livro dos Cacetetes  (8 capítulos)    
17. (97) Mahāprasthānika Parvan: O Livro da Grande Jornada  (3 capítulos)
18. (98) Svargārohaṇa Parvan: O Livro da Ascensão ao Céu  (5 capítulos)
Apêndice (99 - 100) Harivaṃśa Parvan

O número total de versos e capítulos mencionados acima é aproximado, uma vez que se refere à edição crítica do Mahābhārata, que descartou vários capítulos, presentes nos originais da Vulgata, mas considerados espúrios pelos acadêmicos.

(3) Mair, Victor H. Tao Te Ching: The Classic Book of Integrity and the Way. New York: Bantam, 1990. p. 145.

(4) Cada trabalho que realizamos, cada pensamento que estimulamos, produz uma impressão mental chamada saṃskāra e é a soma total de tais impressões que chamamos de caráter. Logo, o caráter é obra de cada um. No dizer de Aristóteles, para o bem ou para o mal, o homem se torna aquilo que ele repete repetidas vezes repetidamente. Nascemos em mistério, vivemos em mistério e morremos em mistério (Huston Smith). E, no entanto, semeamos o nosso próprio destino. Semeamos as nossas ações em nossos pensamentos; os hábitos, em nossos atos; o caráter, nos hábitos; e o destino, no caráter (Marion Lawense). Quem não vive como pensa, acaba pensando como vive (Paul Bourget), afastando-se, portanto, do sagrado que reside no coração. Daí, enfim, o alerta de Lao Tzu em relação à nossa conduta:
1. vigiar os nossos pensamentos, pois estes se tornam palavras;
2. selecionar as nossas palavras, pois estas se convertem em ações;
3. cuidar das nossas ações, pois estas formam hábitos;
4. ficar atentos aos nossos hábitos, pois estes formam o nosso caráter; e
5. zelar pelo nosso caráter, pois ele modula a nossa vida e forma o nosso destino.
 SUMÁRIO GERAL: A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2019.
(Atualizado em 05.03.19.)

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