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2025-09-05

O Coração que Pensa: Do Hardware Cerebral à Nuvem Cósmica

Um Ensaio sobre Sintropia, Consciência, Yoga e a Lógica Orgânica do Real

Introdução: Duas Imagens, Dois Paradigmas

Comecemos por uma imagem conhecida: o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci. Esta figura representa o paradigma ocidental fundamental, que enxerga o indivíduo como uma entidade isolada, anatômica e mestra de um universo mensurável. Nela reside a aposta metafísica do ideal renascentista que herdamos: o indivíduo proporcional, centro geométrico do mundo, porém desconectado do todo. Tudo é explicado por medidas, simetrias e leis que se impõem a partir do indivíduo‑métrica.

2025-07-26

O Coração em Foco: Meditação, Auto Hipnose e a Arte da Alta Performance

Anúncio Metodológico:
Uma Abordagem Aforismática do Foco Absoluto do Coração

1. Este ensaio desenha um caminho de palavras soltas para juntar os pontinhos. Cada aforismo é um gesto contemplativo, uma chave para abrir um espaço interior. 

2. O que guia esta apresentação não é o rigor da razão linear, mas a escuta do coração. Chamo isso de "delírio sensato": uma pedagogia da intuição, onde a imagem só se revela depois que se unem os pontinhos. Um método sutil: não se trata de loucura, mas de foco. O  foco absoluto do coração é a maiêutica da alma, a prática que nos permite dar à luz a uma verdade que não pode ser ensinada, mas apenas revelada por meio da intuição. Trata-se de um caminho que se funda na lógica superior do coração, heartfulness, a via para quem deseja afinar corpo, mente e alma com a vibração do Ser. É essa sintonia que transcende a mera técnica, permitindo que o artista infunda sua performance com a essência de sua própria natureza, manifestando, assim, a verdadeira maestria.

2025-06-03

O Prāṇāyāma como Três Gestos do Ser

Prāṇaḥ śuddhaḥ satyaḥ dharmaḥ;
“O sopro é pureza, verdade, e dharma.”

No Śraddhā Yoga, o prāṇāyāma é mais que respiração consciente: é liturgia do Ser. Cada ciclo é um gesto completo de amor. Inspirar é acolher o Uno; reter é integrar sua luz; expirar é devolvê-la ao mundo. Esses três gestos — pūraka, kumbhaka, rechaka — formam o corpo respiratório da a bússola interior (śraddhā) que traduz o amor em clareza e ação lúcida (dharma).

No Śraddhā Yoga, o prāṇāyāma se traduz na arte de amar, expressa como Bhāvana Namaḥ — a prática sutil da escuta do alento vital e da entrega (namaḥ) à vibração do amor universal (bhāvana), que depura o ego ao reconhecer a unidade em todas as coisas. Esse cultivo se inicia com a identificação do prāṇāyāma com o Dhyāna Mantra “Haṃsa”, que pulsa em nossa respiração e nos convida à escuta da voz silenciosa do fogo interior — uma presença que se revela como reconhecimento imediato da realidade sintrópica, Ṛta. Ela nos ensina que não basta apenas conhecer a verdade, mas que é preciso vivenciá-la com fervor, desenvolvendo e adaptando métodos específicos para enfrentar cada novo desafio que a vida nos apresenta. 

Śraddhā Yoga: A Ciência e a Arte do Amor em Ação

Há um sentimento inteligente no alento. Uma consciência que pulsa com cada inspiração, que sustenta a vida como uma oferenda invisível, mas presente em tudo. No Śraddhā Yoga, essa inteligência é denominada prāṇa, mas não como mera energia vital — e sim como vibração viva da brahma-śakti, a potência do Ser em movimento. Respirar é dançar com o cosmos.

Essa dança, no entanto, carece de direção. É aí que surge śraddhā, o impulso do coração que reconhece o sentido da vida mesmo antes de formulá-lo. Onde prāṇa é o fluxo, śraddhā é a direção amorosa. Onde prāṇa é o sopro, śraddhā é o ritmo interior que harmoniza sua música. Juntas, essas forças compõem uma ciência sutil e radical: a ciência do amor como ação vital, silenciosa e transformadora.

2022-02-28

O Dhyāna Mantra: Śraddhā como Foco, Amor e Integração (Heartfulness)

O Dhyāna Mantra “Haṃsa” está representado
no diálogo da Bhagavad Gītā.
As Escrituras Sagradas afirmam que a chave para a harmonização da mente está na compreensão profunda da inspiração (pūraka) e da expiração (rechaca). 
A mente e o processo de respiração representam dois aspectos da Consciência estreitamente relacionados entre si. A respiração irregular, típica da mente inquieta, é também fonte de inquietação. O foco na observação da respiração no início das práticas de meditação, nos leva a acalmar a mente. Entre os movimentos contrários de inspiração e expiração, ocorre uma fração de segundo de não-movimento, como nos pêndulos, que antes de mudarem de sentido, param completamente por um instante. É nesse instante de quietude, entre os sons produzidos na inspiração (haṃ) e na expiração (sa), que ocorre a unificação dos campos interno e externo do ser. Nesse momento em que a respiração permanece suspensa, antes de cada inspiração, o Ser se manifesta no silêncio.