2017-05-25

Docudrama: um roteiro para a história da descoberta do sentido paradigmático de śraddhā

Um roteiro para a história de descoberta do sentido paradigmático de śraddhā
L. C. Maciel falando sobre o seu curso - 2017
Ao completar sessenta anos, dei início a alguns projetos de cultura sintrópica em consonância com a arte de aprender a morrer para o que é efêmero e a envelhecer de bem com a vida. Daí nasceu uma inesperada amizade com o saudoso Luiz Carlos Maciel (1938 - 2017), um mestre na ciência dos roteiros e que se tornou um amigo querido do nosso grupo. Ele nos ofereceu um curso sobre as técnicas de roteiro para cinema e tv e isto nos motivou a realizar um segundo curso com o objetivo de produzir, de fato, um roteiro. Os áudios dos dois  módulos estão disponíveis.

Embora eu não tivesse vocação para dramaturgo, queria conhecer um pouco sobre a arte e a ciência de produzir e seguir roteiros, mapas capazes de nos conduzir aos nossos destinos. O curso de roteiro me levou a  perceber que poderia formatar o blog como uma espécie de livro-blog. Nasceu, então, a ideia de adotar o formato próximo de um  docudrama. Isto o constituiria, a um só tempo, (1) como um diário antropológico (blog) e (2) como um compêndio canônico (livro) sobre a filosofia, a arte e a ciência da meditação sintrópica. "Docudrama" é um neologismo anglófono que designa os programas que exploram acontecimentos reais de forma dramática e sem perder a aderência aos fatos. O livro-blog poderia, portanto, ser desenvolvido para retratar a filosofia do coração equacionada na tese "Śraddhā in the Bhagavad Gītā" (2007). Isto envolveria mostrar, a partir da própria experiência pessoal, ou seja, da práxis sintrópica, (1) que a Bhagavad Gītā não discute uma religião em particular, mas o fenômeno da religião como um todo; e (2) que ela representa a Escritura Sagrada, por excelência, onde se encontra revelada  a arte e a ciência da meditação, bem como a filosofia sintrópica que a fundamenta.

A jornada do herói envolve uma partida, rumo às aventuras; as iniciações e toda uma série de provações, até a viagem de retorno para casa, trazendo o conhecimento e a experiência adquiridas. A  estrutura do Monomito, descrita por Joseph Campbell em O Herói de Mil Faces, adequava-se, fielmente, ao personagem Arjuna, da Bhagavad Gītā1, texto que desenvolve a filosofia da práxis sintrópica a partir da centralidade de śraddhā (o compassivo sentimento sintrópico, que define a Cultura Sintrópica e a sua práxis e se traduz como o princípio da confiança e da prudência, a bússola interior e a amorosa energia que ilumina a razão em seu processo de convergência para a Verdade e o Absoluto). 

O livro-blog, em suma, deveria roteirizar, como um docudrama, os registros do "Diário da Conscência" (Śuddha Pañjikā) do autor em sua aventura e busca de um caminho de retorno para casa, tal como expressa no monomito e na práxis sintrópica do Śuddha Yoga proposto por Krishna a Arjuna Bhagavad Gītā.  

(1) Para conhecer a pronúncia das palavras sânscritas veja o nosso resumo do Guia de Transliteração e Pronúncia das palavras sânscritas.

SUMÁRIO GERAL: A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
Próximo texto: Sūtras do Coração: uma coletânea de aforismos dos grandes sábios e filósofos de todos os tempos
Rio de Janeiro, 24 de maio de 2017.
(Atualizado em 01.09.23)

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