2017-05-10

As Origens do Festival de Wesak

Festival da Lua Cheia de Maio
Reavalie os seus  Saṃkalpas.
Hoje, 10.05.17 acontece, em várias partes do mundo, o Festival de Wesak, se celebra, basicamente, a Iluminação do Buda. O termo cingalês “wesak” deriva de “vesākha” (páli) e “vaiśākha” – termo sânscrito que designa o mês correspondente em nosso calendário ao final de abril e início de maio. O Festival Wesak ocorre durante a Lua Cheia do mês Wesak e, segundo alguns sábios indianos, deriva da antiquíssima Cerimônia de Lua Cheia do mês Vaiśākha, chamada Vaiśākha Śuddha Pūṛṇimā, celebrada há 12.000 anos, em homenagem ao discurso de Krishna na Bhagavad Gītā, onde ele trata, não de uma religião em particular, mas do fenômeno da religião e da espiritualidade pura (śuddha). Estes sábios indianos afirmam que o discurso da Gītā teria sido proferido no sétimo dia da quinzena luminosa do mês Kārtika (que se inicia com a lua nova de novembro), um domingo, durante o Śrī Kāla (período entre 06h e 10h) há mais ou menos 13.000 anos, originando, alguns séculos mais tarde, esta cerimônia da lua cheia (pūṛṇimā) do mês Vaiśākha.

O Festival de Wesak representa o ícone da moderna espiritualidade, entendida como a vida interior e o conjunto de práticas que a sustém, sem que isto se dê, necessariamente, em associação com qualquer religião institucionalizada. O termo “espiritualidade” passou a ser empregado com este sentido a partir da década de setenta, quando o eminente filósofo e teólogo Wilfred Cantwell Smith (1916 – 2000), diretor do Centro de Estudos das Religiões da Universidade de Harvard, publicou uma série de artigos questionando a validade do conceito de religião. Sugeriu que se adotasse o conceito de “espiritualidade” como seu substituto, para assim derrubar as barreiras entre as religiões, que nos convidam a agir, cada uma, segundo a sua fé religiosa. A espiritualidade, de outro lado, simplesmente nos convida a agir por amor, em respeito à natureza sagrada de todas as coisas e não em defesa dos preceitos deste ou daquele livro “sagrado”. E é esta compreensão, que as religiões institucionalizadas têm dificuldade para abranger, que está sendo popularizada por meio do Festival de Wesak. 

Ashram Atma - 1983
Celebração de casamento -- Ashram Atma, 1983.
Tradicionalmente, também, os dias de lua cheia costumam ser dedicados ao estabelecimento e/ou renovação dos sacramentos e saṃkalpas, ou resoluções firmes que fazemos para o resto de nossas vidas, as quais, costuma-se dizer, constituem a semente que já contém o puro e pleno desenvolvimento da espiritualidade. Talvez não tenha sido por coincidência que eu dediquei este dia para rever os meus Saṃkalpas e fechar um longo ciclo de minha jornada, conforme descrevo no artigo que publiquei hoje, Sorriso Interior: O início da Jornada de Volta.



Rio de Janeiro, 10 de maio de 2017.
(Atualizado em 13.02.23)

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