A Filosofia Sintrópica apresenta uma resposta original à crise civilizatória contemporânea, integrando princípios do Vedānta, do não-dualismo e da dinâmica entre sintropia e entropia. Cunhado pelo Nobel Albert Szent-Györgyi, o termo sintropia descreve a força que conduz sistemas complexos à ordem e harmonia, contrastando com a entropia, associada à desordem e dissipação de energia. Nesse sentido, a Filosofia Sintrópica enfatiza a experiência de unidade essencial de todas as coisas, alcançada por meio de práticas meditativas e do alinhamento com Ṛta, o princípio védico da ordem cósmica. Esta abordagem, que promove interdependência e equilíbrio, fundamenta a proposta de uma Cultura Sintrópica — uma visão contracultural que contrasta com a fragmentação moderna, oferecendo uma perspectiva restauradora e holística sobre a realidade e o sagrado.
A Filosofia Sintrópica e a Arte e a Ciência da Meditação
Este LIVRO-BLOG constitui-se como uma reflexão canônica sobre a Filosofia Sintrópica e a Arte e a Ciência da Meditação a partir de śraddhā na Bhagavad Gītā. Śraddhā, o sentimento sintrópico de convicção íntima, o fogo e o ardor do coração e o poder de colocar o amor em ação, representa a bússola interior, que se orienta pelos princípios da confiança e da prudência, iluminando e unificando a razão em direção à Verdade e ao Absoluto (Brahma-sāmīpya). Para acessar o LIVRO, clique em 'SUMÁRIO'.
2024-09-03
Cultivando a "Arte de Viver" no Silêncio de Cada Amanhecer
Meditação
Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-Te a paz, a sabedoria, a força.
Quero ver hoje o mundo com os olhos cheios de amor.
Quero ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver além das aparências os teus filhos,
Como tu mesmo os vês e assim não ver senão o bem em cada um.
Cerra meus ouvidos a toda calúnia.
Guarda minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha o meu coração.
Que todos os que de mim se acercarem sintam a Tua presença.
Reveste-me de Tua beleza, Senhor.
E que no decurso deste dia eu Te revele a todos.
(Oração do Amanhecer da Ordem Franciscana)
2024-07-24
A Bhagavad Gītā sob a Ótica Sintrópica: 61 Proposições para Integrar Ciência e Espiritualidade
01. Este texto apresenta uma síntese, em sessenta e uma proposições, das conclusões alcançadas ao longo deste livro-blog sobre a interpretação sintrópica da Bhagavad Gītā. Essa abordagem proporciona um novo entendimento da ciência e da sua conexão com a realidade sagrada. Partiremos da filosofia sintrópica, que tem se consolidado nos últimos anos, e exploraremos sua relação com o neo-Vedānta, com ênfase no Viśiṣṭādvaita (não dualismo qualificado), que afirma a realidade inerente do indivíduo e sua conexão com o todo.
02. De acordo com a perspectiva sintrópica, a experiência essencialmente amorosa, que dissolve a ilusão da dualidade e nos oferece a percepção da unidade, só é alcançada através da relação, que fundamenta a própria existência do mundo. "Ser é inter-ser", como afirma o monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, refletindo a interconexão, expressa como “eu sou porque nós somos”, presente na filosofia africana Ubuntu e na ecologia profunda.
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2024-07-10
A Disciplina Sintrópica do Śuddha Yoga
A disciplina do śuddha yoga resume-se ao atendimento do chamado do universo para que despertemos de madrugada e nos dediquemos à escuta (bhāvana namaḥ!) do sentimento sintrópico (śraddhā), que se origina do Ser. Por meio de śraddhā, a energia divina em nós, forjamos uma vontade altruísta, capaz de nos revelar o sagrado que se oculta nos desafios e necessidades de cada um dos períodos do dia1. Diariamente, devemos reforçar o nosso propósito de auscultar e atender ao chamado interior para que a nossa vida toda se transforme em uma profunda meditação. A "Oração do Amanhecer", da Ordem Franciscana, e o "Svatantra Mantra", do Śuddha Yoga, ilustram este propósito de aproximação e identificação com a realidade sagrada, onde nos reconhecemos em sintonia com a energia divina (Brahma-Śākti), capaz de despertar em nós, gradualmente, śraddhā -- o fogo e o ardor do coração e o poder de colocar o amor em ação. "O amor é o jeito que dá jeito em tudo o que não tem jeito. Não importa a pergunta, o amor é a resposta." (Autor Desconhecido)
Oração do Amanhecer
Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-Te a paz, a sabedoria, a força.
Quero ver hoje o mundo com os olhos cheios de amor.
Quero ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver além das aparências os teus filhos,
Como tu mesmo os vês e assim não ver senão o bem em cada um.
Cerra meus ouvidos a toda calúnia.
Guarda minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha o meu coração.
Que todos os que de mim se acercarem sintam a Tua presença.
Reveste-me de Tua beleza, Senhor.
E que no decurso deste dia eu Te revele a todos.
2024-06-19
O Pacto, a egrégora, a rotina e o ambiente das oficinas de meditação
As oficinas de meditação da disciplina CMT014 atendem a dois propósitos básicos: ilustrar os conteúdos desenvolvidos nas aulas e dar oportunidade para que pesquisadores convidados e outros especialistas em meditação, com reconhecimento na área, apresentem os seus pontos de vista e conduzam uma pequena prática para o grupo. Cada oficina traz o olhar de uma tradição distinta. São previstas 15 oficinas, com frequência semanal. Três encontros são reservados para debates, atividades livres e avaliações.
2024-06-04
O Selo do Dharma: uma perspectiva pessoal e sintrópica, desde Mahākāśyapa e Ānanda até Haṃsa Yogi
Buda e a flor de lótus do Sermão da Flor. |
2024-05-23
Despertando para a Consciência Sintrópica
e nas nuvens quer pegar,
os Anjos ficam sorrindo,
da queda que vai levar!
(Gerônimo Santana)
Quando a realidade externa nos apresenta problemas, temos que entender que ela está nos contemplando com oportunidades de nos voltarmos sobre nós mesmos, para, a partir daí, lidarmos com o externo, que nada mais é que reflexo do interno. Essas ocasiões são sempre um convite para a compreensão ritualística de toda atividade humana, tal como ilustrado na Bhagavad Gītā. Na práxis sintrópica oferecemos como yajña o sacrifício do nosso ego, da nossa natureza inferior. E este yajña vem sempre acompanhado de tapas, ou da postura austera em palavras, pensamentos e atos, e de dāna, ou do exercício de doação de si mesmo, em nome da harmonia e do equilíbrio de toda a realidade. A luz gerada pela práxis sintrópica é capaz de dissipar as trevas que nublam as moradas interiores e exteriores de cada um, auxiliando-nos em nossa jornada.
2024-05-21
A Cremação como um Símbolo Sintrópico de Transcendência e Cura: Reflexões Pessoais e Culturais
A cremação, processo de redução do corpo humano a cinzas através do calor intenso, possui um simbolismo multifacetado que varia entre culturas e religiões. Este artigo explora a cremação sob uma perspectiva sintrópica, enfatizando seu potencial como metáfora para a transformação pessoal, a cura e a busca pelo bem-estar integral, culminando na transcendência do eu individual. A vida deve ser vivida buscando o equilíbrio sintrópico, tal como faz o equilibrista que atravessa o precipício por cima de uma corda esticada: belamente e cuidadosamente. Em um nível pessoal, a cremação tem me feito refletir sobre o equilíbrio e o processo de cura e recuperação da saúde integral do meu corpo.
2024-05-01
A Sinfonia da Alma: Música, Sintropia e a Jornada Humana
Desde os primórdios da humanidade, a música transcende a mera melodia, elevando-se como uma linguagem universal que entrelaça corações e almas. Por meio de notas, acordes e ritmos, ela nos convida a uma jornada profunda de autodescoberta, harmonia e transcendência. Neste ensaio, exploraremos a relação intrincada entre música, sintropia e a jornada humana, utilizando a Bhagavad Gītā como nosso guia sintrópico para desvendar a sinfonia vibrante de nossa existência.
2024-04-14
Primeiro Ser, depois Fazer e, só então, Dizer (08/08)
Ao regressar para se encontrar com o presidente, este o recebeu com cordialidade. Ele o convidou a sentar-se e agora ele pode notar a harmonia e a energia que se irradiava do ambiente. O presidente, então, dirigiu-se a ele querendo saber como estava sendo a sua experiência e o seu aprendizado sobre a gestão sintrópica. Este então manifestou a sua perplexidade com a simplicidade e eficácia do programa, mas disse também que ainda tinha duas dúvidas principais. Quis saber o porquê de um método, aparentemente tão simples, ser tão eficaz. Ouviu em resposta que era próprio do programa de gestão sintrópica que este fosse nos concedendo as respostas a estas perguntas na exata medida do nosso progresso e aprimoramento, que não tem limites, uma vez que a aproximação às suas verdades se dá de forma assimptótica, segundo a máxima “entrarás no seio da luz, mas jamais tocarás a chama”. Poderia, portanto, apenas partilhar um pouco daquilo que ele mesmo já descobrira. Deixa o jovem à vontade para lhe perguntar o que desejar. E este, então, diz:
Levanta, Sacode a Poeira e Dá a Volta por Cima (07/08)
Na manhã seguinte o jovem seguiu para a sede da matriz, no centro da cidade, onde a gestora o aguardava. Logo no início do encontro teve a oportunidade de fazer a mesma pergunta que fizera aos demais:
“Além das reuniões habituais a senhora mantém contato com o seu superior?”
“Muito pouco”, respondeu. “Exceto, claro, quando faço algo que me faça perder, em parte, a conexão com a egrégora. E isso sempre se manifesta naquilo que realizamos, que deixa de ser feito como deveria."
A Disciplina Interior do Gestor Sintrópico (06/08)
Deixando o escritório daquele segundo gestor o jovem começou a pensar como a consciência sintrópica expressava os sentimentos intuitivos, os quais representavam, em suma, a capacidade que todos podemos desenvolver de perceber as verdades e as soluções para os problemas sob a nossa responsabilidade, antes mesmo que se apresentem as razões para tal. Ele começava a compreender que o nosso sentido interno de identidade individual e coletiva (antaḥkaraṇa) é composto pela nossa mente (manas), pela memória (citta), pelo ego (ahaṅkāra) e pelo sentimento intuitivo (śraddhā), originário do Espírito (Ātman), o gênio da lâmpada do coração, que nos anima a todos. Percebia como o programa de gestão sintrópica fora concebido para nos tornar mais conscientes e em sintonia com a nossa essência profunda, que nos conecta com todo o universo. O jovem começava a se dar conta sobre como podemos nos tornar eficientes e eficazes, de modo que os gerentes e os seus subordinados desenvolvam esta consciência superior. No dia seguinte, dirigiu-se à sala do terceiro diretor da sua lista. Este era surpreendentemente idoso. Deveria ter, praticamente, o dobro da idade do diretor que visitara no dia anterior e era bem mais velho que o gestor sintrópico que lhe concedera o estágio. Logo ao início da conversa, perguntou ao diretor:
Aprendendo a Liberar o Gênio da Lâmpada: Estabelecendo os Saṃkalpas (05/08)
O jovem foi muito bem recebido pelo primeiro diretor com quem escolhera falar. Este logo lhe confidenciou que raramente conversava com o seu superior, pois já não havia essa necessidade. Fora as reuniões semanais, conversam apenas no início de algum novo projeto, ou quando vão definir alguma nova responsabilidade. É nesta ocasião que são renovados os saṃkalpas e estabelecidos outros, também de natureza sintrópica, em consonância com os novos projetos.
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