A figura conhecida como Gītā-Upadeśa, ou melhor, Gītopadeśa, revela a essência da Bhagavad Gītā. O entendimento de que espiritualidade representa algo que transcende a mera esfera religiosa é a marca característica da Gītopadeśa. Ela mostra a Bhagavad Gītā como expressão da metáfora da unificação dos dois pássaros descritos no Ṛigveda (1.164.20), na Muṇḍaka Upaniṣad (3.3.1) e na Māntrika Upaniṣad. Expressa, portanto, como desenvolver o discernimento, ou a visão espiritual (Divyacakṣus), por meio da arte e da ciência da meditação. A Gītopadeśa mostra o Senhor Krishna e Arjuna sentados na quadriga puxada por quatro corcéis brancos. A quadriga simboliza a mente e o corpo humano; Arjuna, a consciência individual (o “si mesmo”, o ser individual, o jīva) condicionada pelo processo objetivo do mundo (saṁsāra); e Krishna, o Espírito que exerce o controle das rédeas, ou da mente emocional (com jurisdição sobre os sentidos). Quando o ser individual (Arjuna, Nara) se deixa dirigir pelo Supremo Espírito (Krishna, Nārāyaṇa), presente em si mesmo, avança pelo caminho que nos conduz do saṁsāra ao nirvāṇa. Esta metáfora, conhecida como Gītopadeśa, representa a síntese da Bhagavad Gītā a partir de sete versos (conhecidos como Saptaślokī Gītā ou a Gītā de Sete Versos: BhG 2.2, BhG 2.3, 2.11, 18.61, 18.62, 18.64 e 18.66).
Uma reflexão canônica sobre a Arte e a Ciência da Meditação, inspirada na śraddhā da Bhagavad Gītā. Longe de ser mera fé, śraddhā é a confluência entre a fides e o cogito cartesiano, a experiência do fervor íntimo, da convicção profunda, e do poder de traduzir o amor em insight e ação, capaz de nos causar um arrepio profundo. Essa bússola interior, guiada pela confiança e prudência, ilumina a razão em direção à Verdade e ao Absoluto (Brahma-sāmīpya). Explore o SUMÁRIO abaixo.
2022-08-28
O significado da Gītopadeśa
Como reconhecer a verdade e os mestres? Como alcançar a percepção do Ātman? A Bhagavad Gītā expressa esse método de reconhecimento que, a um só tempo, valida e transcende o antigo método védico, fundado: (1) na escuta (śravaṇa), (2) na reflexão (manana) e (3) na reiteração meditativa da reflexão (nididhyāsana).
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