Quando chegamos ao Rio, em janeiro de 1991, Cássia e eu ainda não sabíamos exatamente porque estávamos vindo para cá e não para São Paulo, de onde partíramos para nos juntar ao projeto pioneiro desenvolvido por Francisco Barreto, em Sergipe, fundado em uma práxis que, hoje, chamamos de sintrópica. Não sabíamos, até então, que iríamos colaborar para plantar os Upadeśas, ou sementes da cultura sintrópica no Rio de Janeiro. As linhas que se seguem discorrem sobre alguns aspectos da disciplina que nos orientou neste longo processo e que é nosso tema principal desde o artigo inaugural do livro-blog, "A Meditação segundo a Bhagavad Gītā", que celebrava o Dia do Mestre. Em seu sentido mais profundo o termo "mestre" denota o "Ācārya", o mentor ou guru espiritual, cuja missão de vida pode ser resumida na máxima: "Eu não vim para te ensinar, eu vim amar. O amor te ensinará".
Em diálogo com Inteligência Artificial. Śraddhā quaerens intellectum — o coração do Ser pensa com amor; a mente traduz. Śraddhā Yoga é a arte e ciência da meditação (Heartfulness), revelada na Bhagavad Gītā. Śraddhā não é fé cega, mas "bom-senso" (com hífen), uma convicção sintrópica e conexão viva com a verdade do coração. É o caminho para alinhar corpo, mente e alma à vibração do Ser. Meditar é escutar o Ser que respira amorosamente em nós. Explore o SUMÁRIO abaixo.
2021-10-14
A Meditação e a Universidade do Coração
Embora o primeiro esboço deste texto tenha sido elaborado em 28.01.12, uma semana antes da vinda de Francisco Barreto ao Rio de Janeiro com alguns voluntários da Grande Síntese para o estabelecimento da pedra fundamental da Universidade do Coração
, a sua conclusão está sendo possível somente agora. Quando eu comecei a escrever este texto havia há pouco concluído os três anos do meu pós-doutorado com bolsa da FAPERJ (Processo E-26/101.733/2008-Bolsa; e matrícula 2008.0660.0) na Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ, responsável pela implementação do Laboratório de Estudos sobre a Índia e Ásia do Sul (LEIAS) na UFRJ, conforme previa o convênio de cooperação técnica número 7/2007, celebrado entre a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por questões políticas, o projeto de implementação do LEIAS foi cancelado, impedindo o estabelecimento do programa regular e bilateral entre Brasil e Índia, destinado a doutorandos e mestrandos da UFRJ interessados em temas relacionados à história, cultura e economia do subcontinente asiático.
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| Francisco Barreto (05.02.2012) |
2021-10-11
No silêncio deste dia que amanhece . . .
A disciplina do puro (śuddha) Śraddhā Yoga, resgatado por Krishna na Bhagavad Gītā, resume-se a heartfulness: — não no sentido psicológico moderno do termo, mas como a inteligência luminosa do coração (hṛdaya-prajñā), o estado em que śraddhā se torna percepção viva do Real. É o atendimento do chamado interior para cultivar a energia espiritual que faz nascer o verdadeiro “bom-senso” (com hífen): a capacidade de perceber a realidade sob a lente do amor que conhece — o amor transcendental que é critério de verdade.
No silêncio que antecede o nascer do sol — o Brahma-kāla, o primeiro dos seis tempos sagrados do dia (Ṣaḍ-kāla)— o coração reencontra seu eixo. É nesse instante que o praticante restabelece o foco fractal: a centelha de śraddhā que, alinhada a Ṛta, se replica ao longo do dia como ritmo, clareza e direção. Antes que a luz externa apareça, a luz interior já se acende; é ela que inaugura o dia. Haṃsaḥ — o mantra da respiração — torna-se o sopro que ajusta o jīva ao fluxo do Real, preparando o olhar para irradiar, durante todas as horas que virão, o néctar da práxis sintrópica: a śraddhā-vṛtti.
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