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Cássia Curan Turci |
"Devemos tratar as pessoas como se já fossem tudo o que podem vir a ser; assim, as ajudamos a se tornarem aquilo que são capazes de ser." Essa frase de Goethe reflete o espírito que norteia o estilo de gestão de Cássia desde que ela ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1991. Ao longo de seus mandatos, a UFRJ tornou-se um espaço para a concretização dos mesmos princípios que guiaram o projeto social sintrópico "Universidade do Coração", do qual participamos por décadas (1979-2021). Tivemos o privilégio de atuar como voluntários nesse projeto e residimos em Sergipe entre 1987 e 1990, até que Cássia foi convidada a se transferir para a UFRJ.
Na universidade, Cássia liderou o Instituto de Química por muitos anos, onde pôde aplicar os valores que promovemos no projeto "Universidade do Coração". Sua gestão inspirou toda a equipe, harmonizando interesses diversos e alcançando resultados significativos. Entre as conquistas, destacam-se a criação do Núcleo de Diversidade (NuDIQ) e do Projeto de Apoio Psicológico (PsIQ) do Instituto de Química, que ajudaram a aliviar os desafios enfrentados por alunos com problemas como ansiedade, além de promover a inclusão de gênero, raça e diversidade social.
A comunicação aberta com o Centro Acadêmico (CAIQ) também impulsionou a criação do Grupo de Estudos e Meditação (GEM), um programa pioneiro de práticas integrativas. O sucesso do GEM me permitiu atuar como voluntário e desenvolver a disciplina eletiva "CMT014 - Oficina de Estudos: A Arte e a Ciência da Meditação", implementada em 2019, consolidando o legado sintrópico na UFRJ.
A prática da gestão sintrópica, como defendida por Cássia, segue os princípios da "maiêutica do ardor do coração" (śraddhā), pilar da Universidade do Coração. Essa abordagem vê a formação do ser humano como um processo psico-sócio-político de descoberta de si mesmo. É um ato integral, de síntese, onde o coração – não a mente – guia o indivíduo em direção à harmonia e ao sagrado. Enquanto a mente segue métodos, o coração busca seu próprio ritmo, promovendo o sentimento de amor como lei natural. Esse sentimento amoroso (śraddhā), que transcende as crenças religiosas, representa a principal força organizadora das experiências humanas. A gestão sintrópica, assim, fundamenta-se nesse princípio, promovendo a convergência e a harmonia nos ambientes de trabalho e sociais.
Do ponto de vista da cultura corporativa, agir de forma sintrópica implica estar atento aos movimentos que promovem tanto a prosperidade empresarial quanto a paz e a harmonia no ambiente de trabalho. A sintropia, aqui, expressa a tendência natural em direção à unidade e à síntese, presentes nos ciclos da vida. Na gestão de pessoas, o ápice da eficácia é alcançado quando os grupos trabalham de forma sincronizada e sintrópica, o que fortalece o senso de pertencimento, confiança e tranquilidade, permitindo discernir entre o que pode e o que não pode ser atendido.
A Ciência da Meditação e a Consciência de Si
Uma das realizações mais notáveis dessa gestão sintrópica foi a criação de uma nova disciplina que ampliou a abordagem educacional para além da sala de aula. A disciplina "CMT014 - Oficina de Estudos: A Arte e a Ciência da Meditação" oferece uma abordagem crítica e prática das diferentes modalidades de meditação, explorando seu impacto histórico-cultural, filosófico, científico e médico. Mais do que disseminar a filosofia sintrópica, ela celebra a trajetória de Cássia, que ascendeu à Vice-Reitoria da UFRJ. Ao alinhar a missão da universidade com uma gestão sintrópica, Cássia implementou um modelo inovador na administração pública, mostrando o poder transformador da prática sintrópica, pautada pela colaboração, ética e bem-estar coletivo.
Em suma, a gestão sintrópica implementada por Cássia na UFRJ não apenas consolidou práticas inovadoras, mas deixou um legado de integração entre ciência, espiritualidade e bem-estar, preparando o caminho para um ambiente universitário mais harmônico e inclusivo.
Próximo texto: A Potência Sintrópica do Feminino: Uma Conversa com o Gemini sobre a Origem de "Cientista" e o Futuro da Ciência
Rio de Janeiro, 19.11.17.
(Atualizado em 11.10.24)
(Atualizado em 11.10.24)
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