Toda a disciplina que segue — da meditação matinal (dhyāna) à práxis sintrópica (karma-phala-tyāga) e à escuta interior (bhāvana namaḥ!) — realiza-se dentro da arquitetura dos seis tempos do dia. Embora o detalhamento completo do Ṣaḍ-kāla seja apresentado ao final do texto, convém compreendê-lo desde já como o pano de fundo invisível de cada prática: Brahma-kāla desperta; Śrī-kāla organiza; Jyeṣṭhā-kāla testa; Pārvatī-kāla purifica; Durgā-kāla integra; Bhadra-kāla dissolve.
Assim, cada aspecto da disciplina não apenas ocorre no tempo, mas é modelado pelo Tempo.
Na tradição do Śraddhā Yoga, esse chamado não se expressa apenas como atitude interior, mas como ritmo. O dia inteiro é compreendido como mandala de seis pulsações sagradas — o Ṣaḍ-kāla, os seis períodos regidos pelas śaktis do Tempo — que estruturam a jornada espiritual de criação, ação, prova, purificação, integração e dissolução. A disciplina sintrópica é, antes de tudo, a arte de caminhar em sintonia com essas seis marés do cosmos.
A disciplina do puro (śuddha) Śraddhā Yoga, resgatada por Krishna na Bhagavad Gītā, manifesta-se como resposta ao chamado cósmico para o cultivo de śraddhā — a energia e o vigor distintamente humanos que florescem em nós e nos conduzem à transumanização sintrópica: a sublimação da personalidade e da identidade em sincronia com o ritmo do universo. Desse ritmo primordial nasce o autêntico "bom-senso" (bhāvana) - a percepção direta (pratibhā) que estremece nossa essência ao desvelar a tessitura da existência em cada instante do dia.
OṂ MITRADEVĀYA NAMAḤ • ṚTADHVANĪ SVĀHĀ — selo de comunhão: Mitradevāya invoca a amizade universal; Ṛtadhvanī consagra o som de Ṛta; svāhā entrega a palavra como oferenda. Em silêncio consciente, respiração e intenção entram em harmonia: a disciplina torna-se liturgia do coração — sintropia em ato.
Esse cultivo se inicia com o despertar na madrugada, quando o Dhyāna Mantra “Haṃsa”, pulsando em nossa respiração, nos convida à escuta atenta (bhāvana namaḥ!) da voz silenciosa do fogo interior — uma presença que se revela como reconhecimento imediato da realidade sintrópica, Ṛta. Neste estado de presença plena, o prāṇa -- aquele sopro sagrado que a Kaṭha Upaniṣad revela como ponte entre o manifesto e o imanifesto - transfigura-se: cada inspiração ("haṃ") torna-se receptáculo da Brahma-Śakti, enquanto cada expiração ("sa") transforma-se em expressão pura de śraddhā - não a devoção a um ser, mas a sintonia com a lei de equilíbrio sintrópico que organiza os átomos e as galáxias (Ṛta).
Assim, o Haṃsa transcende sua forma de mantra para tornar-se a própria alquimia da existência - onde jñāna (conhecimento), karma (ação impecável) e bhakti (ardor devocional e entrega incondicional) se fundem em śraddhā (o amoroso e intuitivo sentimento da verdade que é simultaneamente visão e pulsação de Ṛta), dissolvendo as fronteiras entre a contemplação e cotidiano.
Krishna, como avatar, não é o alvo, mas a encarnação mesma deste princípio - o Śraddhā Yoga em sua forma pessoal-impessoal. Uma vida modulada por esse ritmo revela, na prática, como todas as coisas convergem sob a mesma Lei. Nessa sintonia, cada ato torna-se yajña, uma expressão do Ṣaṭkarman (seis deveres diários) e a respiração, o altar onde o pessoal se sutiliza e converge, assintoticamente, para o transcendente, para o impessoal e ilimitado.
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Assim, quando o amanhecer nos convida à prática meditativa através do Dhyāna Mantra Haṃsa, não iniciamos um ritual, mas damos continuidade àquele mesmo que transforma cada respiração em altar e cada instante em oportunidade de convergência para o Absoluto (Brahma-sāmīpya). Ao disciplinar a mente, conduzindo-a a este estado de serenidade, possibilitamos que o seu funcionamento se dê em consonância com o fogo ardente do altruísmo natural e biológico. Ao libertá-la dos dogmas e crenças que ditam leis morais, abrimos espaço para a compreensão sintrópica da diversidade ética entre as culturas. Isto nos possibilita agir no mundo e interagir com todos os seres dando precedência a Śreyas (anseios altruístas) sobre Preyas (anseios passionais), de tal modo que a força do espírito possa se revelar na matéria, fazendo de cada uma de nossas ações uma obra de arte. Ao atendermos o convite interior para zelarmos por todas as nossas relações, tornamo-nos guardiões dos ambientes (kṣetra), interiores (dharma-kṣetra) e exteriores (kuru-kṣetra), sob a nossa esfera de influência. E assim, aos poucos, a vida toda vai se revelando uma profunda meditação, onde até o que víamos como caos torna-se nota na sinfonia de Ṛta.
A Essência do Ancestral Śraddhā Yoga
(Dhyāna, Naiṣkarmya-siddhi e Bhāvana)
1. A meditação (dhyāna). A meditação matinal floresce especialmente no Brahma-kāla e se estende, como foco e clareza, pelo Śrī-kāla, acompanhando o impulso sintropizante do amanhecer até o meio da manhã. No silêncio de cada dia que amanhece, logo ao acordarmos (antes das 06h00) e antes mesmo de abrir os olhos, devemos fazer uma saudação inicial e refletir sobre o propósito a ser vivido, reservando para os outros o direito de serem como são; e para nós, o dever de sermos cada dia melhor. Em seguida, após a higiene pessoal, podemos realizar os nossos estudos sobre a ciência sagrada e meditar no Ser Imutável (Ātman), concentrados no Ājñā Chakra, o ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala, onde floresce a consciência sintrópica.
2. A práxis sintrópica (karma-phala-tyāga). A ação impecável vibra em sua plenitude nos períodos de prova e transformação — Jyeṣṭhā-kāla (desafio entrópico) e Pārvatī-kāla (austeridade regeneradora). É nesses tempos que a disciplina do coração (naiṣkarmya-siddhi) se torna mais visível, porque é testada e depurada. Ao longo do dia, devemos nos dedicar, cheios de alegria espiritual e confiança, aos afazeres que a vida nos apresentar. Devemos exercitar, o dia todo, o poder de agir pelo coração (naiṣkarmya-siddhi), com motivos puros e o ego inativo, em śuddha prāṇāyāma, transformando a vida toda em uma experiência sagrada. Na Bhagavad Gītā, "karma-phala-tyāga" é frequentemente compreendida como "renúncia aos frutos da ação". "Karma" refere-se à ação; "phala" aos frutos ou resultados dessa ação; e "tyāga" à renúncia. Assim, "karma-phala-tyāga" implica realizarmos nossas ações sem apego aos resultados, aceitando-os com equanimidade, reconhecendo que estão além do nosso controle. Ao renunciarmos aos frutos de nossas ações, libertamo-nos dos grilhões do ego, transcendendo os desejos e apegos que nos prendem ao sofrimento. Agimos então de forma desinteressada, motivados pelo ardor do coração (śraddhā), em harmonia com a lei do equilíbrio cósmico (Ṛta), e não pelo desejo de ganhos pessoais. Ao nos desapegarmos dos resultados, nossa mente se purifica, a paz interior floresce e nos tornamos capazes de tratar as pessoas como se já fossem tudo o que podem vir a ser, ajudando-as, deste modo, a se tornarem aquilo que são capazes de ser (Goethe).
3. A escuta (bhāvana namaḥ!) do sentimento sintrópico (śraddhā), que se origina do Ser. Durante o dia todo, devemos exercitar a escuta e a entrega à vontade cósmica, expressa pela metáfora simbólica complexa, "comer a metade, andar o dobro, sorrir o triplo e amar incondicionalmente e sem medida", que nos convida para a práxis sintrópica. Por meio de śraddhā, a energia divina em nós, forjamos uma vontade altruísta, capaz de nos conduzir à verdade e à vitória sobre as nossas paixões inferiores. A escuta sutil do coração — bhāvana — encontra seu campo mais receptivo nos momentos de integração e recolhimento, Durgā-kāla e Bhadra-kāla, em que a experiência do dia é assimilada e dissolvida na matriz luminosa da consciência. Ao nos deitar (idealmente antes das 22h), devemos realizar a aferição do nosso progresso no atendimento da Grande Lei (Ṛta), passando em revista o dia vivido e programando o novo dia conforme o nosso entendimento renovado de: (1) bhāvana, enquanto escuta de Ṛta; (2) śraddhā, enquanto expressão de naiṣkarmya-siddhi, ou do sentimento e da práxis despertada por Ṛta; e (3) dhyāna, enquanto experiência de unificação com a fonte de onde se origina Ṛta.
4. Em síntese, por meio da tríplice disciplina do Ancestral Śraddhā Yoga, fundada na meditação matinal, na atenção plena à práxis sintrópica do momento presente e na aferição, ao final de cada dia, da escuta da Grande Lei (Ṛta), com a compreensão de que cada novo dia simboliza um ciclo completo do processo cósmico de criação e dissolução do universo, aprofundamos o nosso mergulho no oceano infinito do Ser, deixando-nos morrer n'Ele pela noite para renascer D'Ele em cada novo amanhecer. E assim, aos poucos, vamos transformando a nossa vida toda em uma profunda meditação.
Dinacaryā:
a disciplina sintrópica (caryā) diária (dina)
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| Dinacaryā: cresça por meio daquilo que você passa. Espiritualidade é ter a vida como o maior guru. |
De que valem as prescrições inflexíveis de quaisquer disciplinas religiosas, quando se alcançou o imo do coração, onde habita a Consciência Sintrópica Universal, que nos dita o ritmo próprio e sagrado da nossa respiração? A partir do momento em que podemos afirmar, com convicção, "Eu sou o fogo ardente do coração em ação; eu sou a presença da paz e do amor em ação", não há mais lugar para as rígidas disciplinas externas. Ao vivermos em sintonia com a sinergia universal, abraçando a vida sintrópica e reconhecendo a dança sagrada do Tempo em meio à entropia existencial/espacial do presente, a vida se transforma em uma profunda e sagrada meditação. A disciplina do Ser floresce como expressão do nosso altruísmo biológico inato, entrelaçada à nossa rotina diária de sintonia fina entre mente e coração, onde reside o sagrado sentimento sintrópico. Esse ajuste, que coloca o amor universal em ação, transmuta, gradualmente (ver abaixo um testemunho), as energias entrópicas e materiais que nutrem os sentidos e a mente, suprindo o corpo com a energia vital do Prāṇa. Este é o sentido do Dhyāna Mantra “Haṃsa”.
“Haṃsa” simboliza o processo de individuação do Ser. Literalmente, a expressão “Haṃ-sa” significa “Eu sou (‘haṃ) Ele (sa)”. O termo “Haṃsa” significa “cisne” e representa o Espírito (Ātman), ou seja, "o fogo ardente do coração" ou "a presença da paz e do amor em ação". O Dhyāna Mantra traz implícito o entendimento de que devemos renunciar (saṃnyāsa) a todo alimento e estímulo, recebido pelos cinco sentidos e pela mente, caracterizado pelo descontrole ou pela violência. Ele representa um convite para que nos consagremos (tyāga), de coração, ao exercício de ver em cada minúsculo desafio que a vida nos apresenta uma oportunidade de disciplina interior (tapas), silêncio do ego (o yajña da naiṣkarmya) e doação de si mesmo (dāna).
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| Ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala, no Ājñā Chakra. |
Preparação para a Prática de Meditação
Como prática preparatória para a realização da meditação que se inicia no silêncio da madrugada e se integra aos nossos afazeres ao longo do dia, podemos entoar ou ouvir invocações como:
- "Guru Strotram", um hino da tradição védica que expressa reverência aos Mestres;
- "Oração do Amanhecer", uma prece da Ordem Franciscana que celebra a conexão com o sagrado; e
- "Svatantra Mantra", tema central deste texto e do nosso livro-blog em geral.
Todas estas invocações nos aproximam da realidade sagrada e nos conectam com a energia cósmica (Brahma-Śākti), despertando em nós, gradualmente, śraddhā - o fogo e o ardor do coração e o poder de colocar o amor em ação. Como uma chama interior, śraddhā nos impulsiona a agir com compaixão e a vivenciar a verdade do ditado popular: "O amor é o jeito que dá jeito em tudo o que não tem jeito. Não importa a pergunta, o amor é a resposta."
Guru Strotram
O Guru Stotram é um hino místico entoado para renovar a nossa śraddhā, expressando gratidão e reverência aos grandes mestres espirituais. Considerados personificações da sabedoria sagrada, os mestres espirituais nos inspiram a viver em harmonia com a lei sintrópica do equilíbrio cósmico, Ṛta. Ao entoarmos este hino, purificamos e acalmamos a mente, conectando-nos com śraddhā, a energia espiritual que nos prepara para a prática de meditação silenciosa.
Oração do Amanhecer
Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-Te a paz, a sabedoria, a força.
Quero ver hoje o mundo com os olhos cheios de amor.
Quero ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver além das aparências os teus filhos,
Como tu mesmo os vês e assim não ver senão o bem em cada um.
Cerra meus ouvidos a toda calúnia.
Guarda minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha o meu coração.
Que todos os que de mim se acercarem sintam a Tua presença.
Reveste-me de Tua beleza, Senhor.
E que no decurso deste dia eu Te revele a todos.
Svatantra Mantra
(O mantra da genuína liberdade do coração)
Irradiando amor e alegria a todos os seres,
repitamos, mentalmente, a sagrada sílaba OṂ, por três vezes;
e entoemos o Svatantra Mantra por alguns minutos:
OṂ OṂ OṂ
OṂ haṃsas so'haṃ yogeśvarīṃ hrīṃ svāhā
OṂ eu sou o Eu Sou, saudações à Nossa Senhora do Yoga, Śrī Yoga Devī
O Dhyāna Mantra Haṃsa
(Ājñā Chakra: ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala)
Haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ. . .
O Dhyāna Mantra “Haṃsa” oculta-se no ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala, no Ājñā Chakra (ver figura), o assento da energia divina e sintrópica (Brahma Śakti), onde ressoa a nossa própria respiração2.
OṂ OṂ OṂ
Inspiro (haṃ-) paz e harmonia (Brahma Śakti), expiro (so-) amor (Śraddhā)
Quando inspiro, sinto a presença do Ātman no meu coração;
quando expiro, sinto o meu coração no Paramātman. . .
Haṃ-so-haṃ. . .
OṂ eu sou o fogo ardente do coração
Haṃ-so-haṃ. . .
OṂ eu sou a presença da paz e do amor em ação
Haṃ-so-haṃ. . .
OṂ todo ressentimento transformo em compaixão e compreensão
Haṃ-so-haṃ-so-haṃ. . .
OṂ tudo é sagrado; tudo é de natureza sagrada; tudo é necessário
Finalizada a entoação realizemos a saudação final e
sigamos para a nossa prática de meditação.
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* * *
OṂ OṂ OṂ
OṂ TAT SAT
Namastê! Namastê! Namastê!
* * *
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Nota Final: Os Seis Períodos do Dia (Ṣaḍ-kāla) e a Disciplina Sintrópica
Visto sob a lente do Ṣaḍ-kāla, cada prática aqui descrita se revela parte de um ciclo maior: a jornada diária do jīva como microcosmo da respiração do universo. O Śraddhā Yoga entende que não há disciplina verdadeira sem que o coração aprenda a mover-se com o Tempo — e é essa sabedoria que os seis períodos sagrados articulam.
A prática do Śraddhā Yoga desdobra-se em sintonia fina com o ritmo cósmico (Ṛta) que se manifesta ao longo do dia. Seguindo a tradição Śākta e os princípios do Āyurveda, o ciclo solar de 24 horas é dividido em seis períodos de quatro horas (dez ghaṭīkās), cada um regido por uma potência arquetípica feminina (Śakti) que preside uma fase específica da jornada de autotransformação (sādhana). Esta dinacaryā (rotina diária sagrada) é um mapa para alinhar a micro-prática individual com o macro-ciclo das forças cósmicas:
- 02h – 06h: Brahma-kāla. Período pré-amanhecer, regido por Sarasvatī. Tempo da criação pura e da consciência sutil. Prática: Meditação silenciosa (dhyāna), estudo (svādhyāya) e escuta interior.
- 06h – 10h: Śrī-kāla. Período matinal, regido por Lakṣmī. Tempo da preservação harmoniosa e da prosperidade. Prática: Início das ações com maestria e impecabilidade, cultivo da "meditação em ação", ou práxis sintrópica.
- 10h – 14h: Jyeṣṭhā-kāla. Período do meio-dia, regido por Jyeṣṭhā. Tempo da provação e do obstáculo entrópico. Prática: Trabalho árduo, foco implacável e sublimação dos maus hábitos, forjando a invencibilidade.
- 14h – 18h: Pārvatī-kāla. Período vespertino, regido por Pārvatī. Tempo da austeridade interior (tapas) e das provações como instrutora. Prática: Convergência para a meta através da resiliência, do jejum mental, da austeridade e, principalmente, da capacidade de resistir aos apelos que surgem do cansaço e da dispersão, convidando-nos ao retorno aos velhos vícios.
- 18h – 22h: Durgā-kāla. Período noturno inicial, regido por Durgā. Tempo da proteção, digestão e integração. Prática: Consolidação dos aprendizados, programação reflexiva do dia seguinte e fortalecimento dos saṃskāras (impressões positivas).
- 22h – 02h: Bhadra-kāla. Período da noite profunda, regido por Bhadrakālī. Tempo da dissolução e regeneração forçada. Prática: Entrega ao sono como processo de processamento cósmico (yoga-nidrā), renovação inconsciente.
Esta estrutura não é um calendário rígido, mas um instrumento de consciência. Ela convida o praticante a perceber as qualidades energéticas de cada fase e a modular sua disciplina interior (śraddhā) em resposta: nascendo para o Ser na madrugada, preservando de manhã, superando ao meio-dia, resistindo às quedas e buscando a purificação à tarde, integrando ao anoitecer e reintegrando-se ao Ser à noite. Assim, a respiração-alquimia do Haṃsa e a tríplice disciplina do Śraddhā Yoga (dhyāna, naiskarmya-siddhi, bhāvana) encontram seu ritmo natural, transformando o dia comum em uma contínua liturgia de sintropia, onde cada instante é um altar e cada ação, um esforço de alinhamento à Lei do Equilíbrio (Ṛta).
O dia é um fractal do cosmos. Viver o Ṣaḍ-kāla é permitir que o hṛdaya acompanhe a dança do Tempo e que a śraddhā se torne bússola, respiração e sentido. Assim, a disciplina sintrópica deixa de ser esforço e se torna natureza: uma vida que respira em OM.
Rio de Janeiro, 12.06.22.
(Atualizado em 07.12.25


