Padre Antonio Vieira dizia que não bastava ver para ver. Era necessário olhar para o que se via. Hoje, dizemos o mesmo de outro modo, pois entendemos que olhar é dirigir a nossa atenção com os olhos, movimentando-os até se formar a imagem do objeto. Se você não olha para o objeto, você não vê a sua imagem. Não é o olhar, e sim o ver, que significa o reconhecimento da imagem pelo sentido da visão. Daí a frase, "O pior cego é aquele que não quer ver". Não faria muito sentido dizer "pior cego é aquele que não quer olhar". Apesar do nosso olhar, é sempre mais fácil não ver do que ter que enxergar o que nos desagrada.
Śraddhā Yoga é a arte e ciência da meditação sintrópica (Heartfulness), como se revela na Bhagavad Gītā: śraddhā — não fé cega, mas fervor lúcido — conexão ardorosa com o coração e a sua verdade. Meditar é escutar. Respirar é amar. Viver torna-se oferenda. Um caminho para quem deseja afinar corpo, mente e alma com a vibração do Ser. Explore o SUMÁRIO abaixo.
2016-09-30
O que é a Prática da Saúde do Śuddha Rāja Yoga?
Quem alcançou a décima e última das lições introdutórias1, estabelecidas no passado pela seção chilena da instituição religiosa denominada ŚUDDHA DHARMA MANDALAM (SDM), sabe que o conteúdo destas lições coincide, praticamente, com aquele do ritual da Prática da Saúde, onde se contemplam os exercícios introdutórios às três formas de meditação que compõem o Yoga de que trata a Bhagavad Gītā: meditação externa (Saguṇa Dhyāna), meditação interna (Nirguṇa Dhyāna) e meditação pura (Śuddha Dhyāna). Organizada por Sri Vajera a partir de algumas passagens do Sanātana Dharma Dīpikā, a Prática da Saúde divulgou e popularizou estas formas de meditação em toda a América Latina.
O que é a Meditação Sintrópica?
![]() |
A meditação tem relação com a cultura sintrópica e o processo do autoconhecimento, autocontrole, autonomia e individuação do Ser, que nos permite interagir com a sociedade e com o meio ambiente, segundo as leis universais do amor. O objetivo principal das práticas de meditação é aprimorar a nossa escuta do Ser (Bhāvana) e nos nutrir do amoroso sentimento sintrópico (śraddhā) que nos conduz do saṁsāra ao nirvāṇa, na exata medida em que aprofundamos o nosso entendimento de Ṛta, a lei universal que rege os processos entrópicos da realidade material e inorgânica e os processos sintrópicos da realidade espiritual e orgânica.
Quando nos identificamos com o fogo ardente do coração, a nossa vida toda se torna uma meditação. Este é o sentido do diálogo entre Krishna e Arjuna na Bhagavad Gītā. Meditar, em essência, significa aquietar o pensamento, testemunhar o ritmo da respiração e fazer o coração vibrar (śraddhā) na frequência de amor puro da energia sintrópica de onde surgiu o universo (Brahma-śakti) e que nos unifica à nossa transcendente origem, possibilitando-nos afirmar, com convicção: "Eu sou o fogo ardente do coração em ação; eu sou a presença da paz e do amor em ação". Nesse sentido, não é algo totalmente estranho à cultura ocidental. Pelo contrário, representa o ensinamento simbolizado no primeiro dos Dez Mandamentos da tradição judaico-cristã. Representa o ideal de sintonia com o Sopro Universal, a fonte de onipotente poder de onde procedem todas as formas de Vida, e que levou Jesus a dizer, "eu e o Pai somos Um".
Labels:
Amor,
Bhagavad Gītā,
Boddhicitta,
Brahma-śakti,
Buda,
Dhyāna,
Meditação,
Meditação na Ação,
Śāntideva,
Sintropia,
Śraddhā,
Śuddha Dhyāna,
Śuddha Yoga,
Transcendência,
Upaniṣades,
Yoga Sūtra
2016-09-29
Viniyoga: a sintonia integral com a luz natural do coração
A expressão "viniyoga" evoca a ideia de adaptação e individualização da disciplina espiritual, permitindo que a prática seja retomada a partir do ponto em que o praticante parou, respeitando suas condições atuais e favorecendo uma progressão gradual e consciente.
Sua etimologia pode ser assim compreendida: "vi"- expressa diferenciação, adaptação; "ni"- remete à ideia de intensificação; "yoga"- significa integração, conexão ou união. A justaposição dos prefixos "vi" e "ni" intensifica a noção de aplicação diferenciada e adaptativa, realçando a importância de personalizar a prática do yoga para atender às necessidades singulares de cada pessoa. Assim, viniyoga pode ser traduzido como “aplicação diferenciada da disciplina espiritual” ou “adaptação do yoga ao indivíduo”.
2016-09-26
Os três níveis da Meditação Sintrópica (Prática Coletiva)
Apresentamos a seguir o roteiro da prática coletiva de Meditação, conhecida como "As Três Dhyānas". Esta prática pode ser adaptada, ou resumida, e incluída em nossa rotina diária. O ideal é que ela seja realizada logo após o asseio matinal, durante o Brahma-Kāla (período de Brahman: entre as 02h00 e as 06h00), período que antecede o nascer do sol, em um local adequado, limpo e especialmente decorado para esta finalidade. Aqueles que quiserem, podem preparar o ambiente fazendo uso de mantras e canções elaboradas, especialmente, para esse fim.
As Três Dhyānas
INÍCIO (Sete toques no gongo. A voz firme, forte, clara, harmoniosa e agradável. Deixar certo intervalo entre cada frase, para que todos tenham tempo de assimilá-las.)
2016-09-16
Coração Tranquilo
Como disse o socialista zen Walter Franco no programa do Jô (1990): "Eu condeno o ódio ideológico" ... "Para que este país volte a ter alegria"..."Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo"...
O Fogo Ardente do Coração
![]() |
O sagrado coração materno do judaísmo e do seu filho, o cristianismo universal. |
O poema animado "Keepers of the Flame" (Guardiões da Chama), de Paul Reynolds, reproduzido abaixo1, exemplifica que não é necessário pertencer, especificamente, a nenhuma instituição religiosa, para acender e manter acesa a chama interior e o ardor do coração que definem a espiritualidade pura, tanto na Bhagavad Gītā, como na Bíblia. (Lucas 24:32). Segundo o ancestral e puro Yoga revelado por Krishna na Bhagavad Gītā, este ardor surge como expressão do sentimento amoroso e inflamado que brota do coração (śraddhā), quando nos aproximamos racionalmente2 da essência (śuddha) do sagrado (dharma). Esta mesma representação da chama interior e do ardor do coração também está presente na tradição bíblica judaico-cristã, que enfatiza e unifica, inclusive, os valores judaicos, representados pelo sagrado coração de Maria, e os valores cristãos, representados pelo sagrado coração do seu filho, Jesus.
2016-09-03
Śuddha Pañjikā: o diário da consciência
![]() |
Śuddha Pañjikā1 denota o diário da consciência sintrópica no qual os praticantes do Śraddhā Yoga exercitam a sintonia fina com a energia amorosa do coração. Na antiguidade védica, dizia-se que a pañjikā era o registro das ações humanas mantido pot Yama, o Senhor da Morte. Em sua forma essencial (śuddha), porém, ela se transforma em espelho do esforço de viver segundo a filosofia da práxis sintrópica do coração.
A Śuddha Pañjikā procura expressar o desabrochar gradual de śraddhā e, com ele, o nascimento da visão sintrópica (divya-cakṣus), pois o coração não conhece correntes — simplesmente porque não sabe viver acorrentado. O coração espiritual busca apenas seu ritmo sintrópico, desejando harmonizar-se, sem perder a cadência nem o compasso.
Assinar:
Postagens (Atom)