2016-09-16

O Fogo Ardente do Coração

O Fogo Ardente do Coração
O sagrado coração materno do judaísmo e do seu filho,
o cristianismo universal.
O poema animado  "Keepers of the Flame" (Guardiões da Chama), de Paul Reynolds, reproduzido abaixo1, exemplifica que não é necessário pertencer, especificamente, a nenhuma instituição religiosa, para acender e manter acesa a chama interior e o ardor do coração que definem a espiritualidade pura, tanto na Bhagavad Gītā, como na Bíblia. (Lucas 24:32). Segundo o ancestral e puro Yoga revelado por Krishna na Bhagavad Gītā, este ardor surge como expressão do sentimento amoroso e inflamado que brota do coração (śraddhā), quando nos aproximamos racionalmente2 da essência (śuddha) do sagrado (dharma). Esta mesma representação da chama interior e do ardor do coração também está  presente na tradição bíblica judaico-cristã, que enfatiza e unifica, inclusive, os valores judaicos, representados pelo sagrado coração de Maria, e os valores cristãos, representados pelo sagrado coração do seu filho, Jesus. 


O poema  ilustra o entendimento de que Maria e Jesus retratam, na verdade, o sagrado ardor de todo e qualquer coração que, uma vez tornado puro, revela-se como a morada do Espírito de Deus. Na Bhagavad Gītā este sagrado ardor do coração define a espiritualidade pura e é designado como śraddhā (o compassivo sentimento sintrópico, que define a Cultura Sintrópica e a sua práxis e se traduz como o princípio da confiança e da prudência, a bússola interior e a amorosa energia que ilumina a razão em seu processo de convergência para a Verdade e o Absoluto). O texto enaltece o desabrochar desta convicção íntima, ou fé-em-si-mesmo (śraddhā), experimentada pelos místicos3, sábios, filósofos e cientistas de todos os tempos. Ilustra, em suma, a espiritualidade e o ardor do coração (śraddhā), que transcendem a esfera da crença, ou da fé e da religião. A pergunta "qual é a sua fé?", exige como resposta a sua crença religiosa. A espiritualidade, de outro modo, embora intuitiva, é racional e nasce da superação da fé . Nasce como expressão do sentimento interior da verdade e da  fé-em-si-mesmo, ou seja, śraddhā.

 N O T A S

(1) Every child is born with a precious flame within.
An inner flame of wonder,
And potential to begin.
This inner light illuminates the path that lies ahead,
Igniting curiosity, keeping passions fed.

But at times this flame is challenged,
From inside and from out.
It can flicker under pressure,
It can be smothered by self-doubt.

Though a child may sometimes stumble,
They are never lost,
For teachers are protecting
That flame at any cost.

Along with caring family,
It’s the teachers who remain
By the side of every learner,
Through life’s joys and sometimes pain.

These keepers of the flame,
Can help and they can guide,
For they share that flame of learning
That burns brightly from inside.

These teachers know a child’s heart.
They value every kind of smart.
Teachers help each child to climb
Higher, further over time.

And own their struggle on their quest
To learn and live what they do best.

Teachers celebrate the triumphs,
And give shelter in the storm.
To keep that guiding light
Steady, bright and warm.

And so, it’s time to shine the light on THEM,
These keepers of the flame.
We thank them for their passion,
And give them high acclaim.

For their knowledge and research,
The science and the art
That allows them to be stewards
Of the mind and of the heart.

To improve our schools – we have a choice
To listen to the teacher’s voice.
Those many voices far and wide
Who protect each student’s flame inside.
With expertise to know what's right
To keep each spirit burning bright.

So let’s listen to our teachers,
As we imagine and design
Schools that keep all flames alight,
And allow EVERY child to shine.

(Paul A. Reynolds)

(2) "O coração tem razões que a própria razão desconhece. Sente-se isso em mil coisas. É o coração que sente Deus [o sagrado], não a razão. Aí está o que é a fé autêntica [śraddhā]: o sentimento de Deus [sagrado] no coração" (Le cœur a ses raisons, que la raison ne connaît point. On le sent en mille choses. C'est le cœur qui sent Dieu, et non la raison. Voilà ce que c'est que la foi parfaite, Dieu sensible au cœur."). Esta conhecida citação de Blaise Pascal ficou famosa por explicitar exatamente este ponto.

(3) Neste sentido, este poema é um tributo aos educadores universalistas, religiosos como Dom Bosco (1815-1888) – padroeiro de Brasília e fundador da Sociedade de São Francisco de Sales –, cuja vida espiritual, orientada pelos seus sonhos místicos, foi toda dedicada ao exercício pedagógico de despertar a chama interior dos estudantes.

SUMÁRIO GERAL: A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
Próximo texto: Convergindo para a Pura Morada do Ser (Mestre de Si Mesmo)

16.09.16
(Atualizado em  01.09.23)

Nenhum comentário:

Postar um comentário