Em nossa busca pela paz, muitas vezes esquecemos que a verdadeira batalha não ocorre no mundo exterior, mas dentro de nós mesmos. Essa percepção profunda é transmitida pela sabedoria universal da Bhagavad Gītā, o texto central do épico Mahābhārata. Não devíamos nos esquecer jamais, conforme ensina o épico, que o exterior apenas reflete o nosso interior. A verdadeira batalha é aquela que se reflete no mundo como o esforço para se vencer a si mesmo e não ao próximo. Não é a luta de gêneros, de etnias, de classes, nem se dá entre estereótipos de esquerda e direita. Daí a UNESCO expressar em sua Declaração sobre a Cultura da Paz, formulada em 1999, a compreensão de que a a paz verdadeira não pode ser alcançada apenas por meio de soluções externas: "Uma vez que as guerras se iniciam na mente humana, é na mente que devemos construir os mecanismos de defesa da paz."
Uma reflexão canônica sobre a Arte e a Ciência da Meditação, inspirada na śraddhā da Bhagavad Gītā. Longe de ser mera fé, śraddhā é a confluência entre a fides e o cogito cartesiano, a experiência do fervor íntimo, da convicção profunda, e do poder de traduzir o amor em insight e ação, capaz de nos causar um arrepio profundo. Essa bússola interior, guiada pela confiança e prudência, ilumina a razão em direção à Verdade e ao Absoluto (Brahma-sāmīpya). Explore o SUMÁRIO abaixo.
2018-10-29
2018-10-17
Bhagavad Gītā: a meditação sintrópica em seus três estágios
I. Introdução
A novidade e a originalidade do argumento que pretendo desenvolver a seguir decorrem da tese de que o texto da Bhagavad Gītā1 representa a alegoria mais perfeita e bem acabada da arte e da ciência da meditação. Apesar da extensa literatura disponível, quase nada existe a esse respeito. O caráter universalista, não sectário e não dogmático do texto revela a meditação como uma prática sintrópica que não pertence, exclusivamente, a nenhuma denominação religiosa em particular. A Bhagavad Gītā é uma alegoria poética da luta interior que se passa no ser humano. Mostra o percurso de Arjuna, saindo de um estado inicial onde ele aparece como um devoto (bhakta) sem śraddhā, até o momento onde ele se encontra pleno de śraddhā. Quem escuta e faz as coisas de coração, tem crédito – do latim, credere (acreditar, confiar), que também origina o termo “credo” em português. “Credere” deriva de “śrad-dhā”, a certeza interior e a convicção íntima. Quando a mente do aspirante funciona a partir do coração este desenvolve uma “sintonia fina” que lhe permite perceber a vida e o universo de forma sintrópica, como uma espécie de poema cósmico, onde o solo, os rios, a água, o ar que respiramos e a própria vida aparecem como partes de um todo sagrado e em perfeito equilíbrio.
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2018-10-13
035. Cozinhando com o Coração
RECEITAS DA SEMANA: Risoto de ervilha, Aloo Gobi (couve flor com batata à moda indiana), Focaccia de sálvia, Manjar libanês, e Suco de tamarindo e laranja.
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