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Gītopadeśa: O ensinamento da Gītā |
1. A Bhagavad Gītā como uma expressão da Filosofia Sintrópica na práxis
Presente em todas as culturas, a discussão sobre a práxis da Filosofia Sintrópica tem início com os antigos Ṛṣis1 do período védico da Índia e encontra o seu clímax no diálogo da Bhagavad Gītā, quando Krishna revela a Arjuna a arte (yoga) e a ciência (vidyā) da meditação no Absoluto (Brahman). O objetivo deste ensaio é mostrar que o sentido deste ensinamento (Gītopadeśa) sobre a natureza essencial (śuddha) do sagrado (dharma) é a instauração lenta e gradual de uma cultura universal e sintrópica (śuddha dharma), capaz de conciliar e harmonizar todas as demais.
A Bhagavad Gītā chegou ao Ocidente em 1785, traduzida para o inglês por Charles Wilkins. Constitui-se, não propriamente como uma Escritura Sagrada – visto ser um Poema Filosófico –, mas como a Escritura das Escrituras Sagradas, ou seja, aquela capaz de revelar, nas demais, a presença das mesmas sementes da Filosofia Sintrópica universal. Por estruturar-se como um poema filosófico, a Bhagavad Gītā não estabelece, de forma rígida, a dicotomia entre o sagrado e o profano. Pelo contrário, expressa-a, sob o prisma de śraddhā2, o sentimento sintrópico que se constitui como o tema transversal dos textos sagrados da grande maioria das diferentes tradições religiosas.