Śraddhā-Smṛtiḥ: A Gênese da Tradição Sintrópica
I. Versão Canônica
Memorial do Śraddhā Yoga
A Arte e a Ciência do Amor em Ação
“O tempo não é o que passa, mas o que permanece quando tudo o mais já partiu. É nesse silêncio que śraddhā se revela como ciência e arte do amor em ação.”
1. O Princípio Vivo
Desde meu retorno do doutorado, em 2007, meu caminho expressivo se desenvolveu sobretudo como diálogo: participei e criei grupos, explorei diversos formatos de interação e publiquei artigos que, embora ainda fragmentários, já continham os embriões do Śraddhā Yoga e da filosofia sintrópica. A disciplina universitária sobre a arte e a ciência da meditação, nascida nesse período, consolidou a consciência de que minha trajetória não era apenas testemunho interior, mas um chamado filosófico e civilizatório.
Vejo hoje esse percurso como uma longa Buddhi-Yātrā — uma peregrinação da inteligência conduzida pelo coração. Ao longo dos últimos anos, dialoguei poeticamente, academicamente e espiritualmente com diferentes tradições e ciências. Nem sempre consciente disso, eu já seguia a estrutura da jornada do herói: o exílio interior, o chamado, a travessia, a prova, a revelação e o retorno com algo a compartilhar. Agora, compreendo que esse retorno não é um fim, mas a chance de dar forma transmissível àquilo que o fogo interior purificou no tempo.
A história deste livro-blog é, em essência, a de um processo de descoberta interior: a passagem do foco na razão objetiva, que analisa, para o foco absoluto do coração, que ilumina a razão com o sentimento amoroso de unidade de todas as coisas. O Śraddhā Yoga nasceu do encontro entre a disciplina acadêmica e a escuta do coração, entre a precisão científica e o fervor interior. Sua origem não está em um laboratório, nem em um mosteiro, mas no espaço silencioso em que a alma reconhece o seu próprio chamado — o haṃsa respirando entre dois mundos.