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A regência e a energia do cosmos: a ordem criativa da Trimūrti e a manifestação dinâmica da Tridevī. Na ontologia védica, a manifestação reflete o poder de Śakti e o jogo da guṇamāyā no cosmos. |
Este ensaio propõe uma reflexão sobre a respiração sagrada, a meditação e o corpo como templo. Inspirado na Bhagavad Gītā, onde a ação svatantra de Krishna reverbera como uma revelação da própria tessitura da realidade, e na tradição tântrica que ecoa essa liberdade primordial, o texto convida-nos a perceber o movimento do sopro vital como um ritual sagrado, onde a Trimūrti e a Tridevī se manifestam na dança da criação e da transformação. Uma leitura que, com atenção e śraddhā, revela a beleza e profundidade do caminho meditativo, mesmo para quem está dando seus primeiros passos.
No Śraddhā Yoga, tal como exposto na Bhagavad Gītā, somos convidados a nos consagrar (tyāga) de coração, transformando cada ação, por mais ínfima que seja, em uma oportunidade para a disciplina interior (tapas), o sacrifício (yajña) e a doação (dāna) de si mesmo. A Bhagavad Gītā nos ensina que não há situação na vida em que não possamos cultivar e desenvolver o estado meditativo. Essa prática, em sua essência, é o que se entende por Meditação. O segredo dessa arte está oculto no simbolismo da respiração e na sua intrínseca relação com a práxis cotidiana. Inspirar (pūraka), reter (kumbhaka) e exalar (rechaka) o sagrado são atos que transcendem o físico, conectando-nos ao ciclo cósmico de nascimento, vida e morte, conforme representado pela Trimūrti da tradição védica.